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São Paulo - As fraudes do Banco PanAmericano foram tão complexas que os novos gestores decidiram apagar o passado e começar do zero uma nova contabilidade a partir de dezembro. O balanço apresentado ontem, portanto, mostra apenas os resultados do banco em dezembro, o primeiro da nova gestão do banco, sem revelar os resultados do ano de 2010 inteiro. Os dados confirmam o rombo de R$ 4,3 bilhões, mas, surpreendentemente, os auditores não encontraram indícios de desvios de recursos das contas do banco, segundo o diretor-superintendente do PanAme­ricano, Celso Antunes da Costa.

A principal hipótese é que a fraude contábil tenha sido feita para encobrir uma operação deficitária decorrente de custos elevadíssimos com comissões para lojistas e demais distribuidores de crédito associados a uma captação de recursos com taxas elevadas. "Torturamos os números e eles confessaram tudo. Não acredito que o rombo possa ser maior do que R$ 4,3 bilhões", disse Costa.

Segundo ele, as fraudes nos balanços do PanAmericano foram muito bem arquitetadas. "Foi uma obra de inteligência para gerar as inconsistências contábeis. Não foi fácil desarmar isso. Havia um grau de automação muito grande", avalia. Antunes acredita, porém, que uma minoria dos funcionários fazia parte do grupo que arquitetou o mecanismo de manipulação dos números. Dos 2 mil funcionários da instituição, cerca de 40 precisaram ser trocados por estarem envolvidos diretamente ou saberem da existência das operações irregulares. A principal mudança foi na diretoria, com a troca de todos os executivos.

Rombo

Em entrevista em São Paulo ontem, a nova administração do banco afirmou que as inconsistências de empréstimos cedidos a outros bancos e que não existiam eram muito grandes, além de ser muito difícil identificar o momento em que aconteceram. Isso tornou praticamente impossível fazer demonstrações financeiras por período.

Do rombo total, de R$ 4,3 bilhões, o registro de cessão de carteiras de créditos inexistentes foi responsável por R$ 1,3 bilhão. Nesse tipo de operação, o banco vendia a mesma carteira de empréstimo para mais de um banco, inflando seus ativos de crédito. Há ainda passivos não registrados de operações de cessão de crédito liquidadas ou refinanciadas, de R$ 1,7 bilhão. Irregularidades na constituição de provisão para devedores duvidosos geraram perdas de R$ 500 milhões. Costa citou ainda operações com derivativos (swap cambial) que foram registradas como ganho, mas na verdade eram perdas provocadas por variações do dólar e das taxas de juros. Elas somaram R$ 340 milhões e ajudaram a inflar o rombo.

Depois que inventariaram sua posição patrimonial, os novos contadores fizeram as demonstrações financeiras do que aconteceu em dezembro, único mês cheio sob a nova administração. Nesse mês, o banco teve prejuízo líquido de R$ 133,6 milhões.

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