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Paraná e Santa Catarina estão na reta final da disputa para receber o investimento de R$ 300 milhões que a Cooperativa Central Oeste Catarinense (Coopercentral Aurora) pretende fazer na construção de um novo complexo industrial de aves. A empresa define no próximo dia 30 o município escolhido para ser a sede do projeto, que prevê o abate de 300 mil aves por dia e a criação de 3,2 mil empregos diretos. Os dois estados aparentemente deixaram para trás Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, que também estavam concorrendo ao empreendimento.

O município de Clevelândia, no sudoeste do Paraná, até então mais cotado para receber o investimento, pode perder pontos para Canoinhas, em Santa Catarina, por conta de problemas na logística de abastecimento de água. O rio São Francisco, localizado a 500 metros do terreno oferecido pela prefeitura para receber o complexo industrial, não tem vazão suficiente para abastecer as linhas de produção. "A nossa sugestão é bombear água do rio Chopim, que fica a 8 quilômetros do terreno. As obras serão bancadas pela empresa, que não pagará pelo uso", diz o prefeito Vanderlei Valério (PSDB), que apresentou na última terça-feira para a Aurora um relatório técnico sobre essa alternativa. "Mas mesmo com essa restrição temos vantagens competitivas em relação a Santa Catarina", acredita.

Municípios pequenos e pouco desenvolvidos, Clevelândia e Canoinhas têm travado uma batalha para receber o investimento do frigorífico, que, segundo a Aurora, poderá movimentar até R$ 1 bilhão nas economias locais.

Clevelândia ofereceu o terreno, de 20 alqueires, a pavimentação e asfaltamento da via de acesso ao complexo e a isenção completa dos impostos municipais, além de ter acertado com a Companhia Paranaense de Energia (Copel) a instalação de uma subestação de energia, avaliada em R$ 1,6 milhão. A Aurora também poderá prorrogar por quatro anos o pagamento de até 90% do ICMS – o valor devido pode ainda ser multiplicado por dois para a prorrogação.

Além desses incentivos, que na opinião do prefeito são "muito semelhantes" aos ofertados pelo estado vizinho, Clevelândia conta como trunfos a oferta de mão-de-obra – cerca de 4,7 mil pessoas em um raio de cinco municípios – e a produção de milho, usado na ração das aves. "O preço do milho por saca aqui é R$ 2,00 menor do que em Santa Catarina", garante. Com 18,5 mil habitantes, Clevelândia tem sua economia centrada na produção agrícola e agropecuária.

Além dos R$ 300 milhões de investimento da Aurora, outros R$ 108 milhões seriam investidos em 675 aviários. O projeto como um todo engloba abatedouro, uma unidade de industrialização de aves, uma fábrica de ração e um incubatório. O município de Mariópolis, vizinho a Clevelândia, provavelmente ficaria com uma das unidades, uma vez que é sede da Cooperativa Mista São Cristóvão (Camisc), que é acionista (1,5%) da Aurora.

Com sede em Chapecó, a cooperativa quer começar a obra ainda em 2008 e estar com a planta em funcionamento após 18 meses. Com esse projeto, a empresa aumentará em 65% a atual capacidade de abate, que é de 450 mil aves/dia.

Segundo o prefeito, a diretoria da cooperativa já informou que, após esse projeto, tem planos de erguer um novo complexo do mesmo porte na seqüência. "Mas isso vai depender de mercado. Queremos ganhar esse", diz Valério.

Procurada, a Aurora preferiu não comentar os novos projetos de investimentos. Segunda maior cooperativa do sul do país – atrás da Coamo Agroindustrial, de Campo Mourão (PR) – a empresa catarinense obteve faturamento de R$ 1,65 bilhão em 2006, 8% acima do ano anterior. Para 2007, a meta é atingir receita de R$ 2,2 bilhões.

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