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Lúcio Pinto, da Jtekt: parada da Honda e da Toyota obrigou empresa a remanejar mão de obra | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Lúcio Pinto, da Jtekt: parada da Honda e da Toyota obrigou empresa a remanejar mão de obra| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Pouco mais de 50 dias após o terremoto que devastou o nordeste do Japão no último dia 11 de março, os reflexos da tragédia agravada pelo desastre nuclear na usina de Fukushima começam a ser sentidos por fornecedoras de peças e equipamentos para montadoras de veículos instaladas no país. A série de paralisações temporárias anunciadas por Honda e Toyota no Brasil e na Argentina, na semana passada, gerou um "efeito-dominó" que atingiu todo o setor, inclusive fábricas paranaenses.Responsável por um quarto dos sistemas de direção automotiva fabricados no país, a Jtekt do Brasil, localizada em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), é uma das principais fornecedoras de cinco montadoras, entre elas a Toyota. Com a paralisação de três dias da plataforma brasileira e de pelo menos cinco dias da correspondente argentina, a empresa admite que precisou deslocar mão de obra para outras linhas de produção. "Também vamos aproveitar essas paradas para fazer as manutenções necessárias", diz o diretor comercial e de engenharia para o Mercosul, Lúcio Pinto.

Uma das maiores fornecedoras de sistemas de climatização de veículos, a Denso do Brasil, de Curitiba, também estuda alterações na rotina diária de produção. De acordo com o gerente de administração da fábrica, Dante Yasuda, os pedidos das montadoras de origem japonesa ainda não foram suspensos. Mas ele não descarta alterações nos próximos meses. "A maior parte da nossa produção está nacionalizada e ainda não tivemos problemas com o fornecimento de componentes que vêm do Japão. Se formos afetados por alguma restrição, isso deve acontecer somente no segundo semestre."

Para o administrador, características japonesas – como privilegiar o planejamento, a ajuda mútua mesmo entre concorrentes e a manutenção de planos de contingência – asseguram que o país terá condições de superar os problemas de forma menos danosa, com pequenos ajustes. "As empresas afetadas estão se antecipando e avisando os fornecedores. Isso os ajuda a decidir o que fazer e a minimizar os impactos. Estamos longe de uma crise ou de se estabelecer um estado de alerta", diz Yasura. Segundo ele, as empresas japonesas estão mantendo os compromissos feitos antes da tragédia.

Tranquilidade

Prova do comprometimento japonês está nos contratos firmados com a indústria avícola, onde o clima ainda é de tranquilidade. "Nos primeiros dias, não se sabia ao certo de que forma o mercado japonês iria se comportar. Até agora não tivemos notícia de que embarques de frango tiveram de ser suspensos", comenta o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins. Pouco mais de 12% da carne de frango e derivados exportados pelos produtores paranaenses é consumido pelos japoneses.

Eletrônicos

O otimismo é compartilhado pelo vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Fábio Farias. "Com diversas fábricas japonesas atingidas, era de se esperar que os importadores registrassem algum problema. No Brasil, podemos dizer que foram situações isoladas, envolvendo particularmente a indústria de eletroeletrônicos e de autopeças. No geral, os efeitos devem ser mínimos", avalia. A demanda japonesa por soja, carne de frango, café e minério de ferro, explica Farias, é muito maior que a demanda brasileira de componentes eletrônicos.

Fronteira

Importante mercado consumidor de eletroeletrônicos e de equipamentos de informática, o comércio de importados de Ciudad del Este, no Paraguai, tem sentido com mais força os efeitos da tragédia no Japão. Fabricantes de equipamentos fotográficos como a Nikon e a Canon comunicaram paralisações de até 45 dias na produção, e a escassez na oferta de alguns produtos mais procurados forçou uma alta nos preços que varia de 15% a 40%. Os importadores estimam que a dificuldade na reposição dos estoques – que já dura mais de um mês – só será normalizada a partir de junho.

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