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A balança comercial brasileira registrou, em 2009, um superávit (exportações menos importações) de US$ 24,61 bilhões, informou nesta segunda-feira (4) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Esse é o saldo positivo mais baixo desde 2002, quando as vendas externas ultrapassaram as compras do exterior em US$ 13,1 bilhões. Deste modo, é o pior resultado de ambos os mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e também representa a terceira queda consecutiva no superávit comercial.

Em 2006, o superávit bateu recorde ao somar US$ 46,45 bilhões, recuando para US$ 40 bilhões em 2007 e para US$ 24,96 bilhões de saldo positivo em 2008.

Crise financeira e retomada do crescimento

Desta vez, a crise financeira internacional não foi a responsável direta pela queda do saldo comercial. A responsável pela deterioração do superávit, segundo mostram os números do governo, foi a retomada do crescimento econômico, registrada com mais intensidade no segundo semestre do ano passado.

A explicação é que, durante o período mais forte da crise, o saldo estava até maior do que o registrado em igual período de 2008 por conta da queda maior das importações. Entretanto, com o início da recuperação da economia, as compras do exterior, ligadas também aos investimentos das empresas, como compras de máquinas e equipamentos, além da aquisição de bens de consumo pela população, subiram mais fortemente - mas as exportações não acompanharam este movimento.

De setembro de 2009 em diante, a média de importações passou a oscilar ao redor de US$ 600 milhões - um pouco mais próxima àquela registrada em todo ano de 2008 (US$ 683 milhões). Enquanto isso, as exportações permaneceram por volta de US$ 650 milhões, ainda distantes da média diária de US$ 782 milhões de 2008.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o saldo comercial positivo, de US$ 3 bilhões em agosto de 2009, começou a cair a partir de setembro, quando recuou para US$ 1,3 bilhão, valor registrado também em outubro. Em novembro e dezembro do ano passado, com a economia já reaquecida, ficou em US$ 696 milhões e US$1,4 bilhão, respectivamente.

Exportações e importações em 2009

Se a crise financeira não foi a principal responsável pela queda do superávit comercial em 2009, o mesmo não se pode dizer do volume de comércio - que é a soma das exportações com as importações. Em 2009, ano marcado pelo desaquecimento de todas as economias, inclusive a brasileira, as exportações do país somaram US$ 152,25 bilhões, com recuo de 22,2% frente ao ano anterior, quando totalizaram US$ 197,94 bilhões. Já as importações sofreram uma queda também significativa no ano passado, quando somaram US$ 127,63 bilhões, 25,3% menores do que o ano de 2008 (US$ 172,98 bilhões).

Expectativa para 2010

Em 2010, com um crescimento econômico previsto por quase todos economistas acima de 5% e com um dólar barato, a balança comercial deverá sofrer nova deterioração. Pesquisa realizada semanalmente com mais de 80 economistas de institiuções financeiras aponta para uma forte queda do saldo comercial neste ano - por conta, novamente, do forte crescimento das importações.

A expectativa dos analistas dos bancos é de um saldo positivo de US$ 11,3 bilhões em 2010, enquanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um saldo positivo de US$ 13 bilhões em 2010. Para o Banco Central, o superávit da balança comercial cairá para US$ 15 bilhões neste ano.

"Vamos ter muita dificuldade em recuperar o mercado perdido, mesmo porque a gente não acredita que a taxa de câmbio vá ficar muito diferente nos próximos meses. O câmbio continuará sendo um problema", disse recentemente Renato da Fonseca, economista da CNI. Atualmente, o dólar oscila ao redor de R$ 1,74, contra R$ 2,50 no fim de 2008 (auge da crise). Isso torna mais caras as vendas ao exterior e favorece as importações.

A boa notícia é que o volume de comércio vai se recuperar neste ano, ou seja, tanto as exportações quanto as importações devem crescer. Segundo a CNI, as importações devem somar US$ 175 bilhões em 2010, enquanto que as vendas externas devem totalizar US$ 188 bilhões. Para o BC, as compras devem totalizar US$ 155 bilhões e as exportações devem avançar para US$ 170 bilhões neste ano.

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