A balança comercial brasileira registrou um déficit de US$ 518 milhões em janeiro deste ano, revelou nesta segunda-feira (2) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Este é o primeiro resultado mensal negativo desde março de 2001, quando foi registrado um déficit de US$ 274 milhões. No mês passado, as exportações somaram US$ 9,78 bilhões, e as importações, US$ 10,3 bilhões. Em janeiro de 2008, a balança teve superávit de US$ 922 milhões.
A causa do déficit na balança comercial no último mês é a crise financeira internacional, que tem debilitado as exportações brasileiras, por conta da queda do nível de atividade em todo mundo, e reduzido o preço das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como alimentos, minérios e petróleo, entre outros). Em janeiro, as vendas externas registraram queda de 22,8% contra o mesmo mês de 2008, enquanto que as compras do exterior também recuaram, mas em proporção bem menor: 12,6%.
Balança comercial
O superávit da balança é um importante indicador da economia e compõe as contas externas brasileiras. Os dólares que ingressam no Brasil por conta das transações comerciais ajudam a financiar as contas do país com o exterior. Se o superávit da balança cai, isso tende a representar uma situação menos confortável no futuro. Indica que o país pode perder autonomia e passar a depender mais de recursos externos - que são reduzidos pelos investidores em caso de turbulências.
Importações
O fraco resultado da balança comercial neste início de ano está preocupando o governo federal. Por conta da forte queda das vendas externas no decorrer do mês passado, o Ministério do Desenvolvimento chegou a anunciar o retorno das licenças prévias de importação, procedimento que tornaria as compras do exterior mais burocráticas e atrasaria o ingresso de mercadorias no país. Com as licenças prévias, o governo teria até 10 dias para liberar a entrada de produtos no país. A medida contribuiu para um superávit comercial de US$ 127 milhões na última semana de janeiro.
Após críticas de empresários, entretanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, entrou em acordo com o titular do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e a medida foi revogada. Deste modo, após três dias de vigência, o governo recuou e manteve a licença automática para importações. A medida também foi alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o Fórum Social Mundial, em Belém (PA). "Tenho uma tese e já disse várias vezes: não acho que o protecionismo vai resolver o problema da crise. Se cada país resolver colocar um muro em torno de si e achar que não precisa mais de nada, a crise vai piorar", disse ele na ocasião.
Projeções
O Banco Central informou nesta segunda-feira (2) que a projeção do mercado financeiro para o saldo positivo da balança comercial em 2009 caiu de US$ 14,5 bilhões para US$ 14 bilhões. Em 2008, a balança comercial teve superávit de US$ 24,7 bilhões, com forte queda de 38,2% frente ao ano de 2007, quando o resultado positivo somou US$ 40 bilhões. Para 2010, a previsão passou de US$ 13,85 bilhões de superávit para US$ 14 bilhões.
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