Previsões
PIB crescerá apenas 1,8%, dizem analistas
A economia brasileira deve crescer apenas 1,8% em 2009, de acordo com mais de 80 analistas de mercado consultados pelo Banco Central. A pesquisa Focus, divulgada semanalmente pela autoridade monetária, reduziu também a previsão para o saldo da balança comercial neste ano. Para eles, o Brasil deverá registrar um superávit de US$ 14 bilhões, ou US$ 500 milhões a menos do que era esperado há uma semana. O crescimento do PIB, teve queda de 0,2 ponto porcentual na expectativa, está abaixo dos 3,2% estimados pelo próprio BC e dos 4% previstos no Orçamento. Para 2010, está previsto um crescimento de 3,8%. Junto com a desaceleração da economia, os analistas financeiros também esperam uma queda maior da taxa básica de juros neste ano. De acordo com o levantamento realizado na semana passada, a previsão para a taxa Selic no final do ano caiu de 11% para 10,75% ao ano. Em relação às previsões de inflação, a expectativa para o IPCA, que serve como meta para o BC, caiu de 4,64% para 4,6%.
Automóveis puxam queda no embarque de manufaturados
As exportações de manufaturados puxaram a queda da balança comercial em janeiro deste ano. As exportações de manufaturados apresentaram uma queda de 34% em relação a janeiro do ano passado. A retração foi puxada pela redução das vendas de automóveis de passageiros em 56% no mês. Os embarques de autopeças também despencaram, com queda de 50,7%. Os dados mostram ainda uma queda de 39,8% nas vendas de laminados planos; 39,2% de aparelhos transmissores e receptores; e 37,9% de pneumáticos.
Após a tentativa frustrada de barrar importações na semana passada, o governo anunciou ontem o pior resultado da balança comercial desde novembro de 2000 e o primeiro déficit mensal desde março de 2001. As exportações em janeiro foram de US$ 9,788 bilhões, e as importações, de US$ 10,306 bilhões, acumulando um resultado negativo de US$ 518 milhões no saldo comercial.
Na média diária, a desaceleração nas vendas de produtos brasileiros ao exterior chegou a 22,8% em relação a janeiro do ano passado, quando foram exportados US$ 13,277 bilhões.
Em compensação, as compras fora do país caem num ritmo mais lento: 12,6% na mesma comparação. Além disso, o Brasil vem sofrendo a concorrência de outros países nas vendas em mercados considerados compradores tradicionais.
"A queda nas exportações é o que nos preocupa. Isso é retração da demanda [mundial]. Temos que esperar o mundo se recuperar, não tem o que fazer", disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Welber Barral. Antes do anúncio de ontem, o mercado previa superávit comercial de US$ 14 bilhões neste ano, contra US$ 24,7 bilhões em 2008, já uma queda de 38% em relação a 2007.
As vendas de aço são um exemplo da concorrência que o Brasil vem sofrendo de outros países. Segundo ele, as exportações do produto para EUA, Colômbia e Chile estão sendo afetadas por maior agressividade comercial da China, e para a América Latina pela presença da União Europeia. "Os estoques estão sendo vendidos a qualquer preço", afirma Barral.
Depois da suspensão da adoção de licença prévia para importações, o Ministério do Desenvolvimento faz forte pressão para o Ministério da Fazenda acelerar o anúncio das novas medidas pró-exportação. Embora a retração da demanda mundial seja a grande responsável pela redução das vendas externas, o crédito ao setor exportador ainda é um problema que não foi resolvido. O Ministério do Desenvolvimento também vê espaço para o aumento da desoneração tributária aos exportadores.
Comédia
"Houve uma série de mal-entendidos e ruídos. Foi uma comédia de erros de Shakespeare que se chamaria "muito barulho por nada", disse Barral, ao justificar a decisão do governo de recuar da medida que exigia licença prévia para importações. Em vigor de segunda a quarta da semana passada, a restrição foi duramente criticada por empresários e considerada uma demonstração de protecionismo do Brasil.
Segundo fontes ligadas ao governo, o episódio da suspensão de licenças ainda não foi "digerido" pelo ministro Miguel Jorge e, sobretudo, pelo secretário de comércio exterior, Welber Barral. A avaliação nos bastidores é de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, passou toda a responsabilidade pela adoção das licenças prévias ao Ministério do Desenvolvimento, quando a própria equipe da Fazenda tinha conhecimento da medida. Esse mal-estar vem alimentando rumores na Esplanada dos Ministérios de que o ministro Miguel Jorge possa deixar o cargo.
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