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Acompanhe as oscilações da taxa básica de juros entre 2001 e 2010 |
Acompanhe as oscilações da taxa básica de juros entre 2001 e 2010| Foto:

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Inflação parece contida, dizem analistas

Com a decisão do Copom de manter os juros, os economistas Roberto Padovani, do banco WestLB, e Bráulio Borges, da LCA Consultores, acreditam que a Selic não sofrerá mais alterações até o fim do ano. Para Padovani, o BC deu sinais de que a alta de dois pontos porcentuais da Selic entre abril e julho é suficiente para conter a inflação e trazê-la para perto do centro da meta (4,5%) em 2011.

Segundo o mais recente IPCA divulgado, a inflação acumulada em 12 meses estava em 4,6% em julho. Padovani prevê que fechará o ano em 5%. A LCA Consultores projeta 4,9% para 2010 e 4,6% para o ano seguinte. Borges afirma que a inflação deve ficar sob controle até 2011 devido à recente alta da Selic, à competição de preços com produtos importados e à alta menor do salário mínimo em 2010. Levantamento da corretora Cruzeiro do Sul mostra que o Brasil mantém a liderança no ranking dos países com maior juro real: 5,6% ao ano.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu ontem manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,75% ao ano. A decisão foi unânime e interrompe o último ciclo de aperto monetário do governo Lula. A taxa Selic começou a subir em abril. Na época, estava em 8,75% ao ano, menor nível da história recente.

A expectativa do mercado financeiro, no entanto, é que o BC deixe de herança para o próximo governo a tarefa de promover uma nova rodada de aumento, em 2011, para segurar a inflação.

A decisão de ontem era esperada pela maioria dos economistas. A previsão agora é que os juros terminem 2011 em 11,50% ao ano. O Copom ainda tem duas reuniões neste ano, em outubro e dezembro, mas não há expectativas de mudanças.

A Selic serve de base para o custo dos empréstimos a empresas e consumidores. Para especialistas, o cenário agora é de estabilidade nos juros bancários, pois a alta esperada para a taxa básica no próximo ano deve ser compensada pela queda nos custos ligados à inadimplência, entre outros fatores.

Na nota divulgada após a reunião, o Copom diz que "não espera que o nível de inflação registrado nos últimos meses se mantenha em um futuro próximo". Diz ainda que observa continuação do processo de redução de risco para o cenário inflacionário.

A decisão de manter a taxa básica reflete a avaliação do BC de que a economia brasileira teve forte desaceleração no segundo trimestre, quando cresceu a uma taxa próxima de 1%, abaixo dos quase 3% vistos no início do ano. O dado oficial sobre o PIB do segundo trimestre será divulgado amanhã pelo IBGE.

Também pesaram na decisão a queda da inflação, devido ao recuo no preço dos alimentos, e a ainda fraca recuperação da economia internacional. Ao contrário do que ocorreu na reunião de julho, não houve divergências entre o discurso do BC sobre a inflação e a decisão do Copom, segundo avaliação do mercado financeiro.

CNI esperava corte

O presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, espera que o Banco Central retome os cortes na Selic a partir da próxima reunião do Copom. "A manutenção dos juros em 10,75% ao ano frustrou as nossas expectativas. Esperávamos que o ciclo de redução dos juros começasse na reunião que terminou há pouco", destacou Andrade em nota.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) também criticou ontem a decisão do Banco Central. Para a entidade, a manutenção da taxa básica dos juros indica que o BC errou antes e deveria agora, na reunião de outubro, avaliar uma retomada dos cortes dos juros. "A decisão do Copom, uma espécie de ‘parada técnica’, deveria ter sido tomada há quatro meses, comprovando que os aumentos de juros foram completamente equivocados", diz nota à imprensa. "Na prática, teria sido muito mais adequado não ter promovido aumento da Selic no início do ano. Desde então, o país está gastando uma fábula com juros enquanto a inflação não se move há mais de quatro meses", afirmou o presidente da Feco­mercio, Abram Szajman, no texto.

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