Londres e Brasília - O ritmo acelerado da economia brasileira ainda preocupa e o Banco Central terá de voltar a agir, acredita Sian Fenner, economista global do Lloyds Bank Corporate Markets, em Londres. "Há riscos claros de que a economia esteja superaquecida no Brasil", afirmou à reportagem. Ele considerou positivo o aumento de 0,5 ponto porcentual da Selic, que foi elevada na quarta-feira para 11,75% ao ano. No entanto, Fenner considera que "esse não é o fim do caminho" para o BC. O analista estima os juros brasileiros em 12,50% no fim do ano.
A próxima dose, em abril, deve ser de 0,50 ponto, calcula. Mas o ajuste para essa visão dependerá dos dados da inflação a serem divulgados hoje, quando saem o IPCA e o IGP-DI de fevereiro, e da ata do Copom, já que o comunicado de quarta foi seco. "É preciso ver como o BC vai encarar o balanço dos riscos", diz.
No exterior, existe uma percepção de que os bancos centrais emergentes estão atrás da curva. Instigado a comentar a situação da autoridade brasileira, Fenner respondeu: "Eles [do BC] não acham que estão, mas precisam definitivamente ficar alertas com a inflação."
Fenner acredita que o pacote de austeridade fiscal de R$ 50 bilhões e as medidas macroprudenciais ajudam, como complemento, a esfriar a economia. Ele cita principalmente o aumento do compulsório, uma vez que o empréstimo ao consumo está crescendo muito e há preocupações com a qualidade desse crédito.
Para Fenner, o real terá queda modesta daqui para frente e o dólar deve fechar o ano em R$ 1,75, acima da cotação atual de R$ 1,65. O motivo será o fortalecimento da moeda norte-americana no mercado internacional a partir do segundo semestre, como prevê o Lloyds. A expectativa é de que o dólar passe a subir com os dados mais fortes da economia dos Estados Unidos, que engata recuperação. Nos próximos meses, esse desempenho deve começar a se traduzir em previsões de reversão da política monetária ultrafrouxa do Federal Reserve, avalia o banco britânico.
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, elogiou a postura adotada pelo Banco Central. Para ele, que esteve ontem em Brasília, a política monetária é "correta", mas o diretor salientou que o reflexo disso é levar o BC a enfrentar dificuldades como a tendência de valorização do real. Strauss-Kahn reconheceu que a política de afrouxamento quantitativo nos Estados Unidos é um fator que ajuda a apreciar a taxa de câmbio, mas disse que essa política não pode ser tratada como um "bode expiatório". Segundo ele, o fortalecimento do real reflete o maior fluxo de dólares para o país, consequência da política dos EUA, mas também da situação de recuperação mais forte do Brasil e a problemas como a taxa de poupança baixa.
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