• Carregando...

Para as crianças, materiais lúdicos

Alguns bancos escolhem formato e conteúdo lúdico para ensinar a poupar. O Banco do Brasil criou jogo de perguntas e respostas, em que o cliente que erra leva um "sermão". A gerente de investimentos do banco, Maria Izabel Gribel, conta que o curso on-line de planejamento financeiro desenvolve a cultura de poupança. "Recebemos muitos e-mails agradecendo." Até o fim do ano, a idéia é lançar um simulador de investimentos.

O CitiFinancial, braço do Citibank, pensou nas crianças e donas-de-casa na elaboração de materiais de maior apelo. Um bloquinho traz um "check-list" de compras de supermercado e um folheto dá dicas como "desconfie de instituições que ofereçam muita facilidade" e "compre frutas e verduras por unidades".

"Existem dicas simples para economizar que muita gente não conhece, como baixar o fogo depois da fervura para poupar 60% do gás", diz o superintendente do CitiFinancial, Maurício Cascardo. As crianças recebem um forro de bandeja com um porquinho e sonhos de consumo para colorir. Ao lado, ela desenha o que vai comprar quando começar a poupar. Os jovens também estão na mira do grupo financeiro. O livro "Esticando a grana" ensina conceitos financeiros a universitários.

Contra o calote, educação. Essa é a aposta de pelo menos cinco bancos e financeiras – HSBC, Itaú, Banco do Brasil, ABN Amro Real e CitiFinancial –, que criaram programas para ensinar seus clientes a evitar dívidas e guardar dinheiro. A lição é óbvia: o brasileiro precisa colocar seu orçamento no papel e fazer uma reserva. Em meio ao texto, claro, os bancos oferecem ao cliente os seus serviços.

A cartilha do HSBC sugere o uso do débito automático e do atendimento via telefone, internet e caixas automáticos – que servem para descongestionar o caixa convencional. Foram distribuídos 20 mil exemplares para o público externo. "Queremos que o cliente use as linhas de crédito de maneira positiva e momentânea. E principalmente que ele tome a quantia que caiba no bolso e devolva o dinheiro para a empresa", diz o executivo do HSBC, João Cereda.

A cartilha do Itaú ensina que "o crédito antecipa um sonho, mas só é bom se melhorar a qualidade de vida e couber no orçamento". O texto também dá dicas de como cortar despesas, ensina a ler contratos e a conversar com credores.

As dicas, no entanto, são claramente de quem atua do lado de lá do balcão do crédito. "Em caso de atraso no pagamento, a instituição financeira não é obrigada a renegociar a dívida."

A mais detalhada das cartilhas é a do ABN Amro Real. Ela procura orientar o cliente a traçar seus objetivos, abordando a importância de questões como idade, prazos e sonhos. "É normal que o empenho (em se planejar) seja maior no início. Empolgue-se com sua decisão."

A cartilha também ensina a calcular gastos, o passo-a-passo dos investimentos e modalidades de cartões. É grande a ênfase no relacionamento com o banco. O Real sugere ao cliente, por exemplo, anotar o telefone do gerente na agenda, para emergências, manter conversas freqüentes e tentar diminuir os custos da conta. "Dependendo do relacionamento com seu gerente, você pode até ter isenção de mensalidade."

O consultor financeiro Gustavo Cerbasi, autor do livro "Casais inteligentes enriquecem juntos", participou da elaboração de cinco cartilhas de banco. Para ele, trata-se de uma resposta às críticas de altas tarifas e juros. Como prestadoras de serviços, as instituições financeiras estão interessadas em maximizar os resultados – e para isso o cliente precisa saber o que está fazendo com seu dinheiro. "O cliente mais exigente fará melhor proveito dos serviços do banco quanto mais conhecimento tiver."

Já o economista Gerson Lima, professor da Facinter, considera a edição de cartilhas educativas uma forte ação de marketing, mas de fraca eficácia. "Os bancos distribuem o material para agradar clientes que têm dinheiro aplicado, ou seja, que já se planejam." O consultor financeiro pessoal Raphael Cordeiro discorda dessa visão. "Muitas pessoas de alta renda não colocam no papel seu orçamento doméstico."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]