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A compra do Unibanco pelo Itaú em novembro de 2008 encerrou uma etapa da consolidação bancária no Brasil na qual instituições grandes adquiriram concorrentes do mesmo porte. De acordo com especialistas e acadêmicos, tal operação aumentou a já elevada concentração do setor no País, o que deve levar bancos grandes a tentarem comprar participações de instituições médias e pequenas em 2010.

Devido às boas perspectivas de crescimento do Brasil para os próximos anos, fomentado em boa parte pela alta da concessão de crédito na economia, deve custar bem caro para os bancos grandes assumirem o controle das instituições menores. Os analistas avaliam de forma consensual que no próximo ano o mais provável é que ocorram operações de aquisição de parcelas minoritárias, como foi registrado recentemente com a Caixa, que pagou R$ 739,2 milhões para incorporar 35,54% do capital total do Panamericano.

Na avaliação do professor titular de finanças da USP em Ribeirão Preto, Alberto Borges Matias, como apenas seis bancos (BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander e HSBC) administram 80% dos ativos totais do sistema financeiro nacional, a tendência no curto prazo é de que as instituições líderes busquem associações com bancos menores.

Para o professor de finanças do Insper, Ricardo Almeida, os bancos de maior porte devem procurar participações em nichos de mercado especializados na liberação de crédito, como a concessão de financiamentos para a compra de veículos e imóveis, além do crédito direto ao consumidor (CDC) e consignado. Segundo ele, a liberação destas linhas de empréstimos tende a aumentar com o incremento do PIB, que pode atingir crescimento médio de 5% nos próximos quatro anos.

"Depois da operação envolvendo o Unibanco e o Itaú, sobraram poucas instituições que podem ser avaliadas como interessantes pelos grandes bancos. Destaco como possíveis alvos o BMG, o Bonsucesso e o Paraná Banco", disse Ricardo Almeida. "Mas, como a concessão de crédito no País ainda está em 45% do PIB, bem inferior ao patamar de 70% a 80% do PIB registrado em outros países emergentes, ainda há um espaço expressivo de avanço da liberação de financiamentos no Brasil", ressaltou.

Segundo Almeida, o cenário de crescimento vigoroso do País nos próximos anos deve encarecer bem o preço de venda do controle acionário por parte dos bancos pequenos. "Será mais barato no próximo ano para os bancões adquirirem uma participação minoritária das instituições pequenas. Com isso, eles assimilam os procedimentos mais eficientes destes parceiros em alguns segmentos específicos de mercado. Mais tarde, se for interessante, pode até ser que assumam a gestão total do negócio Mas isso depende do preço a ser cobrado", afirmou.

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