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| Foto: Lucas Pontes/Gazeta do Povo

O hábito de utilizar mais de um chip de telefone no celular está se tornando cada vez mais raro no país, o que tem impactado os negócios das operadoras de telefonia. Depois de atingir um pico de 283,5 milhões em abril do ano passado, o número de acessos móveis só caiu nos meses seguintes, terminando novembro com 269,5 milhões de linhas – patamar registrado em outubro de 2013.

Segundo analistas e executivos do setor, o encolhimento da base de celulares do país é uma tendência que deve se manter nos próximos meses, até por conta de movimentos recentes da TIM e Oi, que, em novembro, deixaram de cobrar tarifa diferenciada para chamadas a outras operadoras. A consultoria Teleco reforça, porém, que o principal motivo da diminuição de linhas é a popularização de aplicativos de mensagens como o WhatsApp, que permitiu aos usuários de diferentes empresas se comunicarem sem custos extras.

INFOGRÁFICO: confira a evolução dos acessos móveis e a divisão de mercado no país

O encolhimento atinge principalmente a base de celulares pré-pagos, que perdeu 16 milhões de acessos no ano passado. A participação dessa modalidade no total de celulares saiu de um porcentual de 83% em 2009 para 72% em 2015. Só a TIM perdeu 7,6 milhões de números pré-pagos ano passado, sendo a operadora mais atingida, conforme a Teleco. “Não existe sinal de que esse processo de encolhimento da base de pré-pagos esteja próximo do fim. O mais provável é que esse processo continue em 2016”, resume a consultoria em nota.

4G

Junto da migração dos usuários de plano pré-pagos para pós, as operadoras têm investido na ampliação da cobertura de 4G, uma estratégia para buscar mais receita de dados, que caminha para se tornar o carro-chefe do setor. A GSMA estima que o Brasil tenha encerrado o ano de 2015 com 23 milhões de conexões móveis em redes 4G – o último levantamento da Anatel, de novembro, cita 22,6 milhões –, número que deve aumentar para 42 milhões
ao fim de 2016.

Em um movimento inverso, a base de pós-pagos ganhou 5,2 milhões de acessos de janeiro a novembro de 2015, com a Vivo sendo responsável por 2,6 milhões dessas adições. A operadora é hoje a mais bem posicionada nessa modalidade, detendo 42% do mercado.

Disputa

O diretor da Regional Sul da Telefônica Vivo, Jackson Rodrigues, defende que o encolhimento da base total de celulares é um “ajuste natural”, resultado, em parte, da própria prática das operadoras de “limpar a base”, cancelando números pré-pagos que deixaram de receber créditos.

“No pós-pago há um contrato, existe uma fidelidade muito maior desse cliente à operadora e um uso mais constante da linha. Temos uma estratégia de valor para os dois segmentos (pós e pré), com pacotes bem generosos de dados no pós-pago, o que tem permitido nosso crescimento expressivo da base de clientes”, relata Rodrigues.

Migração

No terceiro trimestre de 2015, os usuários pós-pagos representavam 38% da base móvel da Vivo, fatia que era de 19% na TIM e 14% na Oi. As empresas não escondem a intenção de focar cada vez mais no pós-pago, estimulando a migração entre as modalidades – no comunicado com os resultados do terceiro trimestre de 2015, a TIM destacou a intenção de ajustar seu portfólio de ofertas para aumentar a base de “clientes de valor”.

“Queremos transformar os clientes pré-pagos em pós-pagos. Assim, o consumidor recebe mais por um preço menor, e a operadora ganha em previsibilidade, porque é um usuário com uma fidelidade maior e com um perfil de consumo maior”, afirma o diretor comercial da TIM Sul, Carlos Eduardo Spezin Lopes.

915

Foi o número de contribuições recebidas pelo Ministério das Comunicações na consulta pública aberta em novembro para debater o modelo de prestação dos serviços de telecomunicações no país. As atuais concessões de telefonia se encerram só em 2025, mas tanto o governo quanto as operadoras concordam que os contratos focados nas chamadas de voz, centro da Lei Geral de Telecomunicações que surgiu em 1997, não refletem mais a realidade do mercado.

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