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O Banco Central voltou a comprar dólares ontem, depois de ficar fora do mercado por quase cinco meses. Em meio à enxurrada de dinheiro que tem entrado no Brasil, a instituição realizou leilão para adquirir a moeda americana com entrega em 20 de março, uma operação conhecida como compra "a termo". Mesmo com a intervenção, a entrada de estrangeiros falou mais forte e o dólar fechou o dia em queda de 0,29%, a quarta baixa seguida, cotado a R$ 1,717.

Exatamente como nos dias anteriores, a sexta-feira começou com o dólar em queda e investidores de olho na entrada de recursos obtidos por empresas no exterior. Após bilhões captados nos últimos dias, às 11h10 o BC confirmou a expectativa de boa parte do mercado e anunciou que compraria a moeda.

Após o leilão de cinco minutos, o dólar mudou de tendência e passou a subir 0,29%, no preço mais alto do dia: R$ 1,727. Mas o movimento perdeu força em menos de meia hora e, antes do almoço, já estava mais barato que na quinta-feira, em queda pelo otimismo com a notícia de que os Estados Unidos criaram quase o dobro de empregos previstos para janeiro. Assim, mesmo com a intervenção, a moeda fechou o dia em queda.

Petrobras

No mercado, prevaleceu a leitura de que foi a expectativa pela entrada dos US$ 7 bilhões captados pela Petrobras que determinou a volta do BC às compras. A opção pelo mercado a termo pode ter sido uma maneira de tentar anular o efeito do ingresso desses recursos, que acontecerá nos próximos dias.

Na operação de ontem, bancos ofereceram dólares ao BC, que pagará R$ 1,7383 por cada dólar em 20 de março. Ou seja, quem vendeu precisa se programar porque deverá ter os dólares em caixa para entregá-los na data. Assim, o BC tenta criar demanda pela moeda pelos próximos dias. Operadores de mesas de câmbio disseram que o BC pode ter negociado até US$ 7 bilhões, coincidentemente o mesmo valor da transação da Petrobras.

Oficialmente, o BC explica que atua no mercado para evitar distorções. Além disso, "procura agir de acordo com as necessidades dos bancos, seja nos prazos ou nos termos das operações". Em outras palavras, o BC teria realizado a compra a termo porque havia demanda por essa opção. Normalmente, o BC compra dólares à vista, quando o dinheiro troca de mãos imediatamente.

Na equipe econômica, prevalece o entendimento de que uma parcela dos dólares que ingressa no país é resultado da volta de parte do dinheiro que saiu do Brasil no período mais crítico da crise financeira, no segundo semestre de 2011. Até o momento, segundo um integrante da equipe, não há evidências de que haja operações especulativas como as de carry trade – em que o investidor lucra com a diferença entre as taxas de juros de dois países. "Isso é que nos preocupa", disse a fonte. Se for detectado qualquer sinal nessa direção, o governo reagirá.

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