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O Banco Central (BC) reverteu praticamente toda a flexibilização do recolhimento de depósitos compulsórios promovida no auge da crise financeira global. Na prática, as medidas anunciadas ontem pelo BC vão significar o enxugamento de cerca de R$ 71 bilhões do sistema financeiro. Segundo analistas, isso reduzirá a disponibilidade de dinheiro para crédito, o que pode resultar em um aumento das taxas de juros cobradas do consumidor. A decisão, por outro lado, reduz bastante a possibilidade de um aumento na taxa básica de juros, a Selic, entre março e abril – como era esperado pelo mercado.

De acordo com o presidente do BC, Henrique Meirelles, a mudança se insere na estratégia brasileira de saída das medidas adotadas durante a crise. Meirelles afirmou que considera o sistema financeiro "substancialmente" líquido.

Conforme as alterações, a alíquota de recolhimento dos recursos a prazo, que estava em 13,5%, voltou a ser de 15%. O valor de isenção de recolhimento passa de R$ 10 mil para R$ 500 mil. As alterações passam a vigorar a partir de 9 de abril.

O compulsório é o valor que os bancos têm que deixar depositado e é um dos instrumentos que o Banco Central usa para controlar a quantidade de dinheiro na economia. Por meio do compulsório, os bancos são obrigados a depositar em uma conta no próprio BC parte dos recursos captados dos seus clientes nos depósitos à vista, a prazo ou poupança. Quando aumenta o compulsório, o BC dá aos bancos menos dinheiro para emprestar aos seus clientes. Com isso, a autoridade monetária pode levar a uma redução do crédito que levaria a uma diminuição nas compras, o que causaria menos pressão na inflação e evitar alta nos juros.

Selic

Com a decisão, "caiu para zero as chances" de o Copom aumentar os juros no dia 17 de março – data da próxima reunião –, afirma o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges. "A retirada de R$ 71 bilhões de circulação da economia equivale a uma alta da Selic próxima a 1,4 ponto porcentual", diz. "Os juros futuros, especialmente os de curto prazo, começarão a baixar a partir de amanhã (hoje)."

Na avaliação de Borges, o Banco Central utiliza como discurso oficial que o aumento do estoque dos depósitos compulsórios no BC é "uma medida macroprudencial", que visa restabelecer níveis normais de liquidez para uma economia que está crescendo bem e não tem mais problemas de credit crunch, como os ocorridos no último trimestre de 2008. Mas, para ele, a ação oficial visa diminuir a velocidade de expansão da demanda agregada, sobretudo com a alta dos juros dos financiamentos para empresas e famílias "Há uma preocupação do BC de evitar o surgimento de uma eventual bolha de crédito no país", disse.

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