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O Banco Central (BC) fechou o ano passado com prejuízo de R$ 10,455 bilhões, impactado pela forte valorização do real frente a diversas moedas estrangeiras, principalmente o dólar e o euro. O resultado negativo só não foi pior porque, no segundo semestre, a autoridade monetária registrou ganhos de R$ 1,162 bilhão, desta vez ajudado pontualmente - em alguns meses - pelo câmbio. Em 2004, o banco teve lucro de R$ 2,709 bilhões.

Bombardeado por perguntas sobre a queda da cotação do dólar, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse em Nova York que o mercado fará a moeda americana reagir se as exportações brasileiras - e as contas externas brasileiras - perderem o ritmo porque o real se valorizou demais.

- Se por ventura a balança de pagamentos se inverter e ficar claro que as exportações perderam o ritmo, isso não será visto só por nós e o mercado tomará posições que farão o dólar reagir- disse Meirelles, relembrando que nenhum Banco Central do Mundo, a não ser o da China, controla o preço das moedas.

O real tem sido negociado no nível mais alto em cinco anos, o que tem provocado críticas de empresários, principalmente os exportadores, que teoricamente perdem mercado com o dólar mais barato. Em janeiro, o Brasil registrou o primeiro déficit em transações correntes em 14 meses, à medida que as empresas ampliaram as remessas de lucros e dividendos para o exterior.

Meirelles repetiu que o BC não tem como alvo qualquer taxa de câmbio específica e que o câmbio é flutuante.

- É assim que funciona em todos os países do mundo. Políticas de tentativa de fixação de metas de taxa de câmbio por bancos centrais não têm funcionado na maioria dos países - disse.

Em Nova York por três dias para uma série de reuniões com investidores, agências de risco e autoridades do Fed (o banco central dos Estados Unidos), Meirelles participou um encontro promovido pela Câmara de Comércio Brasileira Americana e reafirmou que a estratégia brasileira tem sido a de aproveitar os bons ventos do cenário internacional para melhorar os fundamentos da economia brasileira.

Segundo ele, é dentro dessa perspectiva que devem ser analisadas as compras de moeda do Banco Central para recompor reservas internacionais e não como uma tentativa de segurar o dólar.

Meirelles diz que é também com base nessa estratégia que deve ser entendida a decisão anunciada pelo governo brasileiro de recomprar títulos da dívida conhecidos como "brady".

- É um movimento positivo que será analisado pelos mercados, não nos cabe analisar. Para o Brasil, é muito importante que o risco país continue a cair e os prêmios de risco continuem a cair. Vamos aguardar- disse Meirelles, em entrevista, antes de saber que o risco-Brasil caíra para 223 pontos.

O economista-chefe do HSBC, Paulo Vieira da Cunha, diz que há muito tempo a dívida em "brady" não era mais expressiva mas é mais uma das muitas boas notícias que o governo vem anunciando. Para ele, isso não deve ter repercussão imediata no nota do Brasil nas agências de rating mas lembra que o risco Brasil atualmente está em níveis semelhantes ao do México, quando o país chegou a "investiment grade", o que significa ser indicado como um lugar seguro para os investimentos.

- A verdade é que o "investment grade" na prática já existe. Imediatamente depois de o México virar "investment grade", o risco mexicano estava em 250 e 260 pontos, o mesmo patamar do Brasil atualmente - disse, sinalizando que o momento da divulgação dessas boas notícias não poderia ser melhor para o presidente Lula já de olho na reeleição.

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