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Dois membros do Banco Central Europeu (BCE) reiteraram oposição sobre uma reestruturação da dívida da Grécia, em meio ao iminente fechamento de um novo pacote de ajuda para o país envolvendo a participação do setor privado. O vice-presidente do BCE, Vitor Constâncio, disse ser "absolutamente necessário" evitar uma reestruturação que envolva corte no valor dos bônus do governo ou acione cláusulas de default (calote). Segundo ele, desde o início da crise o BCE tem sido "cauteloso para evitar um evento de crédito" capaz de provocar o acionamento de cláusulas legais que tenham efeito incerto sobre todo o sistema bancário.

Ele não falou, porém, sobre a chamada troca voluntária dos bônus da dívida da Grécia, que aparentemente esteve em discussão na semana passada pelas autoridades europeias. No sábado, autoridades da zona do euro - que reúne os 17 países que utilizam o euro como moeda - afirmaram que os governos da região chegaram a um acordo preliminar sobre a concessão de novos financiamentos para a Grécia, que deverão exigir 30 bilhões de euros em contribuições do setor privado.

A zona do euro vai pedir aos credores do setor privado para trocar dívidas de vencimento mais curto da Grécia por outras de longo prazo. Este processo poderia começar em julho, depois que os ministros de Finanças do bloco aprovarem o novo pacote de ajuda ao país em sua reunião marcada para 20 de junho.

O membro do conselho executivo do BCE, Lorenzo Bini Smaghi, disse que uma reestruturação deveria ser vista como "o último recurso", já que normalmente é um processo "desordenado, prejudicial e cheio de dificuldades". Ele reforçou ser necessário que a Grécia amplie os esforços de reforma ou "uma reestruturação ou default da dívida pública" poderá ser um opção.

Smaghi afirmou que "o mercado financeiro doméstico seria severamente atingido por um default ou reestruturação da divida pública". "Grandes perdas ocorreriam, já que não seria possível um autodomínio e a recapitalização do sistema bancário doméstico exigiria mais dinheiro público", afirmou.

Ele desaconselhou os governos europeus a pedirem uma reestruturação como pré-condição para a concessão de nova ajuda. "O problema ocorre quando a reestruturação da dívida é utilizada como um instrumento preventivo e não como último recurso, tornando-se uma pré-condição para o fornecimento de assistência financeira, ponto mencionado em alguns círculos oficiais desde meados de outubro de 2010", afirmou.

Smaghi criticou também o debate recente sobre o envolvimento do setor privado na reestruturação da dívida soberana da Grécia. Embora reconheça o apelo teórico do conceito, ele disse que "a implementação da ideia é cheia de complicações e, se feita de forma insensata, pode ser muito prejudicial e tornar-se ainda mais onerosa aos contribuintes".

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