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Silvio Berlusconi entre os ministros Umberto Bossi (à esquerda) e Giulio Tremonti, no Palácio Montecitorio, a sede da Câmara dos Deputados, em Roma, em 4 de maio deste ano | Alberto Pizzoli/AFP Photo
Silvio Berlusconi entre os ministros Umberto Bossi (à esquerda) e Giulio Tremonti, no Palácio Montecitorio, a sede da Câmara dos Deputados, em Roma, em 4 de maio deste ano| Foto: Alberto Pizzoli/AFP Photo

O magnata das comunicações Silvio Berlusconi, de 75 anos, uma das figuras mais polêmicas e ao mesmo tempo carismáticas da Itália, ao concentrar um enorme poder econômico e político, foi, durante 17 anos, o líder indiscutível da direita, apesar do envolvimento em escândalos sexuais e judiciais.

O primeiro-ministro conservador, que esteve no poder desde 2001, com uma interrupção de dois anos - de 2006 a 2008 - irrompeu na política em 1993, depois dos casos de corrupção "Tangentopoli" ou "Mãos Limpas", que arrasaram com a classe política de então.

O multimilionário italiano, que forjou do nada a própria fortuna, uma das maiores da Europa, com um estilo caracterizado por ataques e provocações a seus inimigos políticos, chega ao ocaso político com uma popularidade em queda livre, situando-se em 22%, a menor da história.

A desastrosa administração da grave crise econômica na Itália, numa Europa em crise, afetou negativamente a imagem de Berlusconi, que vem sofrendo nas últimas semanas várias defecções, numa prolongada agonia política.

Nascido no dia 29 de setembro de 1936 de uma família pequeno-burguesa de Milão, Berlusconi demonstrou a vocação para os negócios desde a adolescência, quando estudava no colégio dos Salesianos.

Inteligente, perspicaz, vaidoso (há os que o acusam de um forte complexo de superioridade), possui personalidade forte.

Animador de casa noturnas no balneário de Rimini, capaz de fascinar turistas durante os cruzeiros, Berlusconi sempre contou com um grupo de amigos íntimos, como Fedele Confalonieri, a quem confiou mais tarde as rédeas da Mediaset, a poderosa empresa de televisão de seu império industrial Fininvest, que compreende 500 sociedades, entre elas a Editora Mondadori.

Vendedor de aspiradores de pó nos anos 50, Berlusconi formou-se em direito, em 1961, dedicando-se ao setor de construção, dando início a uma carreira ímpar.

Condecorado como "Cavaleiro do Trabalho" aos 41 anos, "Il Cavaliere" Berlusconi decidiu lançar-se na política em 1993, ganhando as eleições gerais de 1994.

Em poucas semanas criou um partido, o Forza Italia, composto em maioria por executivos da Fininvest que pouco sabiam de política. Aliou-se aos neofascistas do Movimento Social Italiano, transformado num novo agrupamento da direita Aliança Nacional, liderada por Gianfranco Fini, e à controvertida Liga Norte de Umberto Bossi, com os quais ganhou as eleições.

Depois da queda, sete meses depois de chegar ao poder, abandonado pelos aliados da Liga, o visceral anticomunista Silvio Berlusconi foi para o purgatório da política, com o prestígio diminuindo até perder as eleições de 1996 para o adversário Romano Prodi, vencedor do pleito de 2006.

Hábil para apresentar-se como "vítima", sempre investigado pela justiça por denúncias de corrupção, Berlusconi foi construindo com paciência a imagem de um "presidente trabalhador", com a qual ganhou as eleições de 2001, apoiado pela mesma coalizão que, em 1994, levou-o ao poder e que rebatizou como A Casa das Liberdades.

Apesar das críticas e controvérsias despertadas por seu mandato entre 2001 e 2006 e das divisões internas dentro da própria coalizão, que quase se desintegrou, Berlusconi tornou-se o 'líder máximo' da direita italiana.

Com um golpe estratégico, reunificou suas hostes sob uma só bandeira e um partido único, o "Povo das Liberdades", fruto da fusão entre a direita Aliança Nacional (AN) e sua própria chapa, "Forza Italia (FI)" - uma jogada surpreendente que permitiu a ele, em 2008, chegar novamente ao poder.

A ruptura ano passado com seu 'delfim' Fini, atual presidente da Câmara de Deputados, ocorreu num momento particularmente delicado, em meio a picantes revelações sobre suas proezas sexuais e desprestígio moral.

Os excessos e abusos do magnata das comunicações no exercício do poder motivaram críticas e protestos nos meios de comunicação, entre os industriais e inclusive na igreja italiana.

Sua vida dissipada e a atração por mulheres jovens levaram, em 2009, a um pedido público de divórcio por parte de sua segunda esposa.

Julgado pelos tribunais de Milão (norte) por prostituição de menor e abuso, como no caso da jovem marroquina chamada Ruby, uma das protagonistas de suas célebres festas privadas ao ritmo do "bunga-bunga", Berlusconi deve responder à justiça também por suborno e fraude fiscal.

Sempre bronzeado e com vários "liftings" e implantes capilares, Berlusconi foi casado duas vezes, é pai de cinco filhos e tem vários netos.

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