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Ponta Grossa – Os primeiros testes científicos já apontam a eficiência econômica, ambiental e mecânica do biodiesel, mas o déficit de produção ainda impede que o combustível seja usado em grande escala. A Tetra Pak, multinacional do ramo de embalagens com fábrica em Ponta Grossa, teve dificuldades para encontrar empresas dispostas a fornecer o óleo alternativo para abastecer parte dos caminhões que fazem a distribuição de seus produtos. Depois de fechar um acordo com uma empresa de Minas Gerais, a Soy Minas, a Tetra Pak implantou um posto do combustível em Ponta Grossa. A unidade foi oficialmente inaugurada ontem e irá abastecer 10 caminhões dos 120 da frota terceirizada da empresa.

Os veículos estão condicionados a viagens curtas. Sem ter onde abastecer, podem rodar apenas 400 quilômetros. O produto testado pela Tetra Pak utiliza a proporção de 20% de biocombustível para cada 80% de derivado de petróleo.

A implantação de tecnologias menos poluentes faz parte das metas da empresa, mas o biodiesel de alta concentração ainda é produto raro no mercado. A fabricação precisa ser certificada e obedecer a uma série de determinações da Agência Nacional de Petróleo e só uma meia dúzia de empresas atendem a todos os requisitos e têm o combustível a preços competitivos.

Durante um ano, a Tetra Pak fará medições periódicas do desgaste mecânico, rendimento e emissão de poluentes dos caminhões abastecidos com biodiesel. Devem ser consumidos 2 mil litros de preparado de óleo de girassol a cada mês. Os primeiros testes com a frota, que já é abastecida no posto montado em São Paulo desde maio, apontam redução de 2% no consumo de combustível, 15% de queda na emissão de um gás altamente poluente e diminuição de gastos com manutenção de bombas e bicos injetores. "O nosso único ponto negativo, por enquanto, é a logística", salienta o diretor de Meio Ambiente Fernando Von Zuben. O preço pago é o mesmo do diesel comum, acrescido do valor de transporte até o posto de abastecimento.

A engenheira química Valéria Michel é mestranda na área de Produção Energética na Universidade de Campinas (Unicamp). Ela pesquisa especificamente questões relacionadas ao biodiesel e destaca que o Brasil ainda não tem capacidade produtiva e nem desenvolveu as técnicas de produção do combustível. "Fala-se muito, mas até agora ninguém tem dados concretos", complementa Von Zuben. Por enquanto, as pesquisas estão concentradas no meio universitário. E os dados de empresas de motores, por exemplo, não são amplamente divulgados porque se trata de um mercado em formação e com potencialidade de alta competição. A partir de 2008, será obrigatório o uso de 2% de biocombustível no diesel. A necessidade urgente de aumento da produção de biodiesel pode incrementar a economia do Paraná, que já um grande produtor de grãos, mas que sofre com os baixos preços.

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