| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) nos últimos anos apontam que a Black Friday ganhou terreno entre os consumidores com antecipação das vendas natalinas, mas também um acréscimo de vendas ao último bimestre do ano. De acordo com a coordenadora das Sondagens do FGV IBRE, Viviane Seda Bittencourt, após um período inicial de desconfiança, o evento se consolidou de vez no calendário do comércio.

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"Em comparação a 2018, alguns segmentos mostraram certa acomodação, mas em relação a 2017 todos registram aumento da proporção de empresas aderindo ao evento de descontos, exceto o setor de material para construção. Os destaques continuam sendo os segmentos de tecidos, vestuário e calçados e de móveis e eletrodomésticos. Este último com aumento crescente no percentual de participação, chegando ao recorde de 81,9%", destaca Bittencourt.

O levantamento do FGV IBRE mostra ainda que quase 70% das empresas consultadas nos segmentos do varejo restrito considera que a data aumentará o volume de vendas de final de ano, e não será apenas uma antecipação. Nos segmentos de móveis e eletrodomésticos e outros produtos varejistas mais de 75% das empresas acreditam em aumento líquido nas vendas do período.

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Ótica dos consumidores

A pesquisa do FGV IBRE revela que 92,6% dos 1783 consumidores entrevistados conhecem o evento Black Friday, um grau de reconhecimento que vem aumentando desde 2017 e continua positivamente correlacionado ao nível de renda familiar. Quanto à pretensão de compra na Black Friday deste ano, embora apenas 8,4% tenham certeza da compra, a parcela de consumidores que demonstraram algum interesse em consumir aproveitando as promoções (considerando os fatores: preço, condições de pagamento ou outros) soma 27,6%, superior aos 20,2% de 2018 e aos 18,7% de 2017.

"Entre os indecisos, o preço dos produtos é o fator mais influente, enquanto as formas de pagamento parecem exercer pouco impacto sobre a decisão. No sentido oposto, a proporção dos que afirmam que não pretendem comprar é de 59,9%, inferior aos 67,7% e aos 68,3% registrados em 2018 e em 2017, respectivamente. Os 4,1% restantes não sabem se comprarão ou não", explica Viviane Seda Bittencourt.

O estudo do FGV IBRE aponta também que a necessidade de se adquirir um bem ou serviço continua sendo a principal motivação para as compras previstas. Cerca de 3/4 dos consumidores afirmaram que comprarão algo de que necessitem independente das compras de Natal. Essa tendência é mais forte quanto menor for a renda familiar.

"Entre aqueles que pretendem antecipar as compras de Natal, os números mostram que as famílias estão cada vez menos tendenciosas a aproveitarem o evento com essa finalidade: a proporção de consumidores que marcaram uma das duas opções soma 18,2%, nível abaixo do registrado em 2017 e 2018, 33,0% e 19,6% respectivamente. Além disso, a correlação entre consumidores que compram na Black Friday com esse propósito e o nível de renda é positivo, atingindo 26,3% nos consumidores de maior poder aquisitivo", observa a economista do instituto.