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Recursos para projetos, inclusive para áreas consideradas prioritárias, serão reduzidos | Marcos Santos/USP Imagens
Recursos para projetos, inclusive para áreas consideradas prioritárias, serão reduzidos| Foto: Marcos Santos/USP Imagens

As condições de financiamento do BNDES pioraram para 2015, conforme anunciou ontem o presidente do banco, Luciano Coutinho. Para se adaptar à nova política macroeconômica do governo, mais austera, com esforço fiscal maior, o banco aumentou a taxa de juros para todos os tipos de empréstimos, inclusive os considerados prioritários pela instituição (infraestrutura, energia renovável, transporte coletivo urbano, hidroviário e ferroviário, saneamento básico, gestão pública e inovação tecnológica), reduziu prazos e participação nos projetos.

"Nesse momento, o banco ajusta sua capacidade às prioridades superiores da política macroeconômica. Vamos poupar recursos em TJLP (taxa de juros de longo prazo que subiu na semana passada de 5% para 5,5% ao ano, mas é bem menor que a inflação de 6,5% ao ano e da Taxa Selic de 11,75%) e ampliar a custo de mercado", disse.

A partir de 1.º de janeiro de 2015, somente os projetos prioritários serão 100% financiados com TJLP. As outras áreas passam a contar com apenas 50% do contrato com taxas mais favoráveis. Até este ano, essa participação chegava a 70%. E há casos nos quais o recurso do banco de desenvolvimento será emprestado totalmente com taxas do mercado. A participação do BNDES nos projetos caiu de 50% a 90% para entre 30% e 70%. O prazo máximo de financiamento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) que foi prorrogado para 2015, com uma injeção de R$ 50 bilhões, caiu 50%: de 15 anos para dez anos. "Não vamos mexer nos contratos já firmados. As operações aprovadas ainda este ano terão as condições da política vigente", afirmou Coutinho.

Armando Castelar, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), viu com bons olhos a nova política do banco. "Houve uma exaustão no modelo de financiamento do BNDES com recursos do Tesouro. Bateu no teto. As medidas visam à saúde das contas públicas. O impacto vai ser positivo na dívida pública".

Perguntado em quanto vai cair a necessidade de aportes do Tesouro ao BNDES, Coutinho disse que não sabe nem quanto nem quando vai precisar dos recursos. "Estamos fazendo um esforço para reduzir a participação. Reduzimos substancialmente a necessidade (do Tesouro)".

Efeitos

Para o economista Francisco Petros, coordenador do Conselho da Apimec, a associação dos analistas de mercado, as novas condições reparam "erros juvenis" da equipe econômica do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. "É um sinal de que os juros vão corresponder ao custo de captação no mercado, com menos dinheiro do Tesouro".

Os juros subsidiados não foram suficientes para fazer o banco ter resultado melhor que o ano passado. Os desembolsos caíram 3% nos últimos 12 meses até novembro. A expectativa de Coutinho é repetir os números de 2013, quando foram emprestados R$ 190,4 bilhões. As consultas, um termômetro do apetite dos empresários em investir, caiu mais: 15%. Em contrapartida, os desembolsos para indústria e agropecuária caíram 10%.

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