A Bolsa brasileira fechou em baixa nesta sexta-feira (10), refletindo uma maior cautela dos investidores após resultados de pesquisas eleitorais mostrarem empate técnico entre os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) no segundo turno. O dia também foi marcado por preocupações em torno do crescimento econômico mundial que fizeram com que os principais mercados acionários globais caíssem.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou o dia com queda de 3,42%, a 55.311 pontos. Na semana, o índice acumulou alta de 1,42%. No mês, o avanço é de 2,2%. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 7,4 bilhões.
O cenário eleitoral mais uma vez influenciou o mercado acionário brasileiro, após a divulgação de pesquisas Datafolha e Ibope que apontaram empate técnico entre o tucano e a atual presidente. De acordo com o Datafolha, o candidato tucano tinha 51% das intenções de voto válido, contra 49% de Dilma.
É uma situação de empate técnico, já que a margem de erro é de dois pontos. Assim, o tucano pode ter entre 49% e 53%, a petista pode ter entre 47% e 51%. A pesquisa Ibope também apontou empate técnico na intenção de voto entre os dois candidatos, com vantagem numérica para Aécio Neves (PSDB). "A Bolsa tem se descolado do exterior. Hoje [10], caiu basicamente por causa do cenário eleitoral. O mercado não interpretou positivamente o resultado das pesquisas Datafolha e Ibope", afirma William Araújo, executivo da equipe de análises da UM Investimentos.
"Um levantamento que saiu um dia antes de Datafolha e Ibope apontava uma alta maior do Aécio. Com o empate técnico, o mercado já começou a ficar mais cauteloso, temendo uma mudança do cenário dos candidatos", completa.
A visão é a mesma de Pedro Galdi, economista-chefe da SLW Corretora. "Os investidores aproveitaram para realizar lucro após as pesquisas Ibope e Datafolha mostrarem uma margem menor do Aécio do que a esperada pelo mercado, que se baseava em duas pesquisas regionais publicadas antes e que davam uma vantagem maior ao tucano", diz.
Neste final de semana estão previstas as divulgações de pesquisas Sensus e Vox Populi. Para Araújo, esses devem ser os principais fatores de influência sobre a Bolsa na segunda-feira (13), dia de agenda esvaziada.
Os investidores também estiveram atentos aos dados de emprego na indústria, que mostraram recuo na esteira da menor confiança dos empresários do setor e na crise que o ramo atravessa, com previsão de queda na produção neste ano.
Em agosto de 2014, o pessoal ocupado na indústria caiu 0,4% frente ao julho. Nesses cinco meses de queda, o emprego acumula uma perda de 2,9%. Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira (10) pelo IBGE.Em relação a agosto de 2013, o emprego industrial mostrou queda de 3,6%. Trata-se do 35º resultado negativo consecutivo nesse tipo de comparação.
Exterior
No cenário internacional, as principais Bolsas também caíram nesta sexta-feira (10), com preocupações de investidores com o ritmo do crescimento global e da Alemanha, maior economia da região.
A Alemanha é um dos mercados da Europa com melhor desempenho desde a crise financeira de 2008. O índice da Bolsa de Frankfurt, o DAX, atingiu a mínima de um ano diante de preocupações com o crescimento econômico mundial, após alerta divulgado por relatório do FMI. O índice caiu 2,4%, a 8.788 pontos.
As demais Bolsas europeias fecharam o dia em baixa. Em Londres, o índice FTSE 100 recuou 1,43%, a 6.339 pontos. Em Paris, o CAC-40 teve queda de 1,64%, a 4.073 pontos.Já em Milão, o índice Ftse/Mib caiu 0,94%, a 19.200 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou perda de 1,2%, a 10.150 pontos. E em Lisboa o índice PSI-20 desvalorizou-se 1,06%, a 5.221 pontos.
Nos Estados Unidos, as Bolsas também caíram. O índice Dow Jones perdeu 0,69%, a 16.544 pontos, o S&P 500 teve desvalorização de 1,15%, a 1.906 pontos, e a Nasdaq encerrou o dia com queda de 2,33%, a 4.276 pontos. "Há um movimento de proteção e cautela no exterior. Não é uma crise financeira, mas sim um ciclo de crescimento econômico um pouco abaixo do esperado. Com isso, o mercado tem que reajustar os preços dos ativos financeiros", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos Invx Global.
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