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Conheça as oito empresas que devem fazer os primeiros IPOs deste ano |
Conheça as oito empresas que devem fazer os primeiros IPOs deste ano| Foto:

Atingir nível histórico não é tão simples

Apesar do otimismo vigente, recordes não são assim tão fáceis de serem quebrados. Os analistas técnicos, que se dedicam a estudar a bolsa com base em gráficos de tendências e na avaliação dos movimentos do passado, dizem que há várias resistências a serem quebradas. "O topo histórico está à frente, mas essa não é uma região fácil de ser alcançada. É onde se concentram muitos vendedores", explica Ra­­phael Fi­­gueredo, analista da MyCap, braço de home broker da corretora Icap. Ou seja: muitos investidores colocam suas ordens de venda em valores próximos aos do pico, apostando contra a tendência de alta. "Passado isso, o movimento fica ainda mais forte."

Embora acredite firmemente na alta, Figueredo não descarta a possibilidade de essa tendência se inverter. "Passo a ter opinião diferente se o mercado realizar lucros [ou seja, vender em massa para embolsar a valorização obtida pelas ações] com muita força e o Ibovespa chegar a 65.800 pontos", diz. Isso significaria uma desvalorização de 1,34% em relação ao fechamento da sexta-feira. "Mas no cenário de hoje, acredito que tenho como ser muito otimista", comenta.

Nem todos, entretanto, são unânimes em apontar fortes altas no caminho do Ibovespa este ano. Luiz Pacheco, da Omar Camargo, é cético em relação às previsões em geral, embora elas façam parte do dia a dia de sua atividade. "Se pegar todas as estimativas feitas no início do ano e comparar com o resultado final, você vai ver que tudo deu errado", ironiza. (FI)

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Que venham os recordes. Bancos e corretoras esperam que a bolsa estabeleça em 2011 novos patamares de negociação. Mesmo os mais conservadores acreditam que o índice Ibovespa – o principal da bolsa brasileira, que reflete o valor das 69 ações mais negociadas – deve alcançar os 75 mil pontos até o fim do ano. Só isso já seria o suficiente para passar dos 73.920 registrados em maio de 2008, atual pico histórico da Bovespa. Mas a maioria dos prognósticos vai bem acima disso, passando dos 80 mil pontos. E há quem acredite que o Ibovespa possa chegar a 93.200, o que levaria a um crescimento de quase 35%. "O recorde nós vamos bater com um pé nas costas", opina Octavio Focques, analista sênior da corretora paulista Tov.

Um Ibovespa que passe dos 93 mil pontos não é uma perspectiva irreal: nos últimos cinco anos, em três ocasiões o índice valorizou-se mais de 30%. Desta vez, o motor para esse crescimento deve ser um grupo de empresas ligado ao mercado de commodities, como Petrobras, Vale e Gerdau. A Petrobras, em especial, tem potencial para liderar esse processo. A empresa tem grande peso no índice – juntando ordinárias e preferenciais, ela responde por 13,17% do Ibovespa, o que a coloca como a segunda companhia mais relevante (a Vale soma 14,64%) – e seus papéis estão em um momento de transição. No ano passado, seu desempenho foi muito ruim: as ações preferenciais, que têm maior liquidez, perderam 25,6% do valor. A queda é atribuída ao complexo processo de capitalização da empresa, que resultou numa injeção de recursos da ordem de R$ 120 bilhões, e às polêmicas da regulamentação do pré-sal.

Agora, o ambiente é outro. O preço do petróleo no mercado internacional está em alta e a expectativa é de que a Petrobras volte a ser a locomotiva da bolsa, como nos últimos anos. As corretoras, que estabelecem preços-alvo para a negociação de ações com base nos dados econômico-financeiros ou nas tendências de mercado, estimam que os papéis da empresa subam entre 25% e 100% até o fim de 2011. "É a ação do ano", diz a chefe da área de análise do Banco Fator, Lika Takahashi. "Não acho que é a que vai crescer mais, mas ela deve ser acompanhada com mais cuidado de agora em diante. Entre as grandes empresas brasileiras, é a que está mais barata."

Juros, a chave

A chave para essas previsões se realizarem (ou não), segundo os especialistas, está em Brasília. Em anos passados, o país foi beneficiado pelo ambiente de crescimento no mercado internacional, e foi também castigado pelas crises dos EUA e da Europa. Desta vez, os entraves à vista são domésticos. "O futuro da bolsa este ano vai depender muito do que for feito em termos de controle de inflação e do crescimento econômico do país", define Luiz Augusto Pacheco, analista da corretora curitibana Omar Camargo. "Estamos muito mais dependentes dos nossos próprios passos", comenta.

A variável chave, nesse caso, é a taxa de juros. Os juros costumam ter uma correspondência direta com as ações: quando eles sobem, as ações caem. A razão é bem simples: com juros mais altos, o investidor pode ganhar dinheiro sem fazer muita força, apenas aplicando seus recursos em títulos do governo, de baixo risco – aplicações de renda fixa. Nesse caso, a demanda por papéis na bolsa cai e, consequentemente, o preço pode baixar também. Que os juros sobem este ano, é certo – já estão subindo, na verdade, desde a semana passada. O que não se sabe é até onde irão, e em que medida poderão prejudicar o desenvolvimento da bolsa.

Além do efeito geral sobre as ações, os juros afetam indiretamente algumas empresas mais do que outras. Com juros altos, o Brasil se torna um destino privilegiado para investidores internacionais em renda fixa, e as entradas abundantes de dólares resultam numa cotação menor para a moeda americana. Em­­pre­sas exportadoras tendem a ter lucros menores, o que se reflete também em suas cotações. Para quem espera um dólar mais caro este ano, as notícias não são boas. "Nosso cenário para o câmbio é bem próximo do que temos hoje, com dólar a R$ 1,80 no fim do ano", relata Andrés Kikuchi, economista chefe da corretora Link. Kikuchi projeta um Ibovespa de 83 mil pontos no fim do ano.

IPOs terão autopeças, sapatos e rock’n’roll

Novas emissões de ações devem ter um papel importante na bolsa de valores este ano. O número de ofertas deve voltar a crescer com força – há estimativas de algo como 30 ou 40 ofertas iniciais (conhecidas no mercado como IPOs, da sigla em inglês para Initial Public Offering) este ano. Não será o suficiente para alcançar os números de 2007, quando 64 empresas estrearam na bolsa brasileira, mas é um bom recomeço.

A abertura de capital e a oferta de ações na bolsa é uma forma de as empresas obterem recursos para financiar novos investimentos, ou ainda um caminho para empreendedores e investidores transformarem em dinheiro a expansão de uma empresa.

As empresas costumam esperar momentos em que o mercado está em crescimento para fazer suas ofertas, de modo a obter uma quantidade maior de recursos. "Esse mercado está bem aquecido, há muitas empresas sondando a possibilidade para fazer seus IPOs", diz Luiz Pacheco, da Omar Camargo.

Oito ofertas

De concreto, por enquanto, há oito ofertas em análise. A da fabricante de calçados Arezzo está mais adiantada: o período para reserva de papéis encerrou-se na sexta-feira e a estreia da companhia no pregão deve ocorrer na quarta-feira. A Sonae Sierra, administradora de shopping centers, encerra amanhã o período de ofertas. Queiroz Galvão Exploração e Petróleo também está com o prazo para reservas aberto (até sexta-feira), assim como a fabricante de autopeças Autometal (até quarta-feira).

A última empresa a programar um pedido de oferta inicial foi a T4F Entretenimento, que organiza shows e gerencia casas de espetáculos com a marca Time 4 Fun. No ano passado, ela foi responsável, por exemplo, pelas turnês das bandas de heavy metal Metallica e Scorpions no Brasil.

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