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Sangue frio Dentista começou investindo em fundos

O cirurgião dentista Fábio Bonamin dos Santos, de 26 anos, soube por um amigo que o investimento em ações poderia render mais que a aplicação que ele costumava fazer, todos os anos, na caderneta de poupança. "Eu costumava fazer uma poupança de janeiro a dezembro para pagar uma viagem no final do ano". Mesmo sem entender muito sobre o mercado de renda variável, ele procurou o gerente do banco onde tem conta para investir, desta vez, num fundo de ações.

Do início do ano até agora, o jovem investidor já teve a oportunidade de sentir os "solavancos" do mercado. Pouco depois de ter aplicado, viu seu investimento encolher em quase 10% com o susto na bolsa de Xangai, no final de fevereiro, que acabou afetando as bolsas dos quatro cantos do mundo, inclusive a do Brasil. Ainda assim, ele decidiu esperar um pouco, e agora vê a recuperação do investimento.

Com a experiência, Santos aprendeu um dos "mantras" recitados por economistas e operadores do mercado: "o investimento em ações é para o longo prazo." "Não estou contando com esse dinheiro agora. Mas penso em colocar mais dinheiro lá, e também em fazer alguns cursos que as corretoras oferecem para aprender mais sobre o assunto", conta. (FL)

À procura de uma rentabilidade maior para seus investimentos, o brasileiro está aprendendo a operar no mercado de ações. Nos últimos cinco anos, o número de investidores pessoa física cresceu 183%, passando de pouco mais de 85 mil pessoas em 2002 para 241,5 mil em março deste ano, segundo dados da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Este novo investidor tem desempenhado um papel importantíssimo no giro financeiro da Bovespa, que está na média de R$ 3,7 bilhões este ano. Juntas, as pessoas físicas detém um patrimônio de R$ 55,7 bilhões investidos na bolsa brasileira.

"Esta participação cresceu junto com o aumento do volume médio diário negociado. Então isso significa que não é só o número de investidores que cresceu, mas eles estão movimentando um volume muito maior", conta Luis Abdal, diretor de marketing da Bovespa. Em 2002, o giro diário da bolsa era de R$ 558 milhões. No mês passado, ele alcançou R$ 4,3 bilhões.

O perfil do novo investidor é bastante variado, avalia Marco Antônio Lacombe, operador da corretora Planner em Curitiba. "É desde o garoto da faculdade que ganhou uma ‘grana’ do pai, o empregado que está com uma poupancinha, até empresários e profissionais liberais", conta Lacombe.

Embora os homens ainda sejam maioria entre os investidores, o público feminino vem ganhando força na Bovespa. A participação das mulheres no total de investidores pessoa física subiu de 17,6% em 2002 para 21,6% em março deste ano – não sem esforços da própria bolsa. Em 2003, a Bovespa lançou o projeto Mulheres em Ação, módulo feminino da campanha de popularização do mercado de capitais. "As mulheres têm uma característica de saber esperar, que é muito importante ao se investir em ações", considera Abdal, da Bovespa.

Outro destaque do novo investidor da Bovespa é a idade. Este ano, os investidores entre 21 e 30 anos são maioria na bolsa brasileira: mais de 56 mil pessoas, praticamente oito vezes o número de investidores na faixa dos 20 a 30 anos em dezembro de 2002. Ainda assim, os mais jovens detém uma parcela pequena do valor investido, que aumenta conforme a idade.

É possível encontrar ainda investidores de "até dez anos" – quando os pais compram ações no nome dos filhos. Mas este tipo de situação é incomum, conta Hélio Pio, gerente comercial da corretora Ágora. "O mercado brasileiro de renda variável precisa amadurecer muito para as pessoas comprarem para os filhos, como forma de investimento para o futuro da criança. Isso vai acontecer quando esta avalanche de investidores que está surgindo agora amadurecer um pouco. Esses ‘pais do futuro’ ainda estão experimentando a bolsa", avalia Pio.

Para ele, os sistemas desenvolvidos pelas corretoras também têm ajudado bastante a levar o mercado de ações para as pessoas que não conhecem o investimento em renda variável – isso além do declínio das taxas de juros, que tem reduzido a rentabilidade de outros investimentos. A chegada do home-broker ao Brasil, por exemplo, foi fundamental para popularizar a bolsa de valores.

O home-broker é um sistema pelo qual o investidor pode acompanhar o mercado e dar ordens de compra e venda de ações pela internet. "Os sistemas conseguem despertar a confiança do investidor", explica. Além disso, segundo ele, a capacidade de atender os investidores aumentou muito com o home-broker. "Antigamente, pelo telefone, um operador conseguia atender a uns 100 clientes, desde que eles não operassem semanalmente. Hoje ele pode atender muito mais, e desde os que operam de seis em seis meses até os que operam de dez em dez minutos", avalia. A Ágora é líder há cinco anos em volume negociado na bolsa e encerrou 2006 com quase 30% da fatia de investidores que operam por home-broker na Bovespa.

Luis Abdal, diretor de marketing da Bovespa, lembra ainda que o home-broker levou a bolsa a qualquer cidade brasileira que tenha conexão com a internet. "Antes o investimento era limitado às cidades que tinham corretoras ou seus escritórios regionais."

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