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Em meio a temores com um possível conflito dos EUA contra a Síria e com os investidores embolsando lucros após a forte alta de 3,65% ontem, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou hoje em queda de 0,4%, a 51.625 pontos.

"As Bolsas nos EUA reagiram com instabilidade ao discurso do presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos [o republicano John Boehner] de apoio ao pedido de Barack Obama por uma ação militar contra o regime sírio", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. "Isso acabou afetando o mercado brasileiro por tabela", acrescenta.

A baixa do Ibovespa foi amenizada pelo avanço de 5% das ações da OGX, petroleira de Eike Batista, a R$ 0,42. Esses papéis caíram 40% na sexta-feira e, desde segunda-feira (2), mostram correção à forte perda.

"Não há novidade sobre a situação da companhia ou sobre a reestruturação do grupo do Eike Batista. A ação continua em alta, só que mais moderada do que ontem [quando subiu 33,3%]. É um papel muito especulativo, não é indicado ao investidor comum", diz Hamilton Alves, estrategista do BB Investimentos.

Ontem, começou a valer a nova composição do Ibovespa, que vai vigorar até 3 de janeiro de 2014. As ações da OGX perderam peso no índice, passando de 5,061% para 4,259%. Os fundos recompuseram suas aplicações para se ajustar às mudanças, o que influenciou o comportamento dos papéis.

As ações da Anhanguera, que estrearam no Ibovespa ontem, lideraram as perdas do índice hoje, com desvalorização de 6,42%, a R$ 13,40. Segundo analistas, essas ações também passaram por ajuste, uma vez que tiveram avanço de 3,39% ontem.

Contribuindo para a queda do Ibovespa no dia, os papéis mais negociados da Petrobras fecharam em baixa de 0,94%, a R$ 16,78. Essas ações representam 7,6% do índice, e têm sofrido em meio a especulações sobre um reajuste nos preços dos combustíveis até o final do ano.

Além do possível conflito na Síria, Alves avalia que a cautela do mercado hoje também refletiu uma apreensão para os indicadores americanos que serão divulgados nesta semana.

Isso porque, segundo ele, estes indicadores serão decisivos na avaliação do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) sobre um possível corte no estímulo à economia daquele país.

"Se os números vierem bons, a autoridade provavelmente começará a cortar o volume de recompras mensais de títulos públicos já em setembro, o que pode prejudicar os mercados emergentes", diz.

Desde 2009, o Federal Reserve recompra, mensalmente, US$ 85 bilhões em títulos do governo americano para injetar recursos na economia. Como parte do dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive o Brasil, a possibilidade de um corte no incentivo já em setembro, quando haverá uma nova reunião do Fed, desagrada o mercado.

Além disso, investidores preveem que, encerrada a recompra de títulos, o próximo passo será o aumento do juro dos EUA, hoje quase zero. Juro mais alto deixa os títulos do Tesouro americano, remunerados pela taxa, mais atraentes que aplicações de maior risco, como Bolsas, especialmente de emergentes.

Dólar

Mesmo com intervenção do Banco Central no dia, o dólar à vista -referência para as negociações no mercado financeiro- fechou o dia em alta de 0,68% em relação ao real, cotado em R$ 2,383 na venda. Já o dólar comercial -utilizado no comércio exterior- teve queda de 0,54%, a R$ 2,360.

"O dólar comercial começou o dia em alta e depois virou. Sintoma clássico de muito dólar e pouco comprador", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Segundo Galhardo, o movimento reflete uma entrada pontual de dólares no país no início da tarde de hoje.

"Não estamos sentindo um volume de mercado que dê suporte a grandes entradas. Uma entrada mais pesada, talvez aproveitando ações baratas ou o aumento nos juros no Brasil, já consegue afetar a tendência da cotação", avalia.

O Banco Central realizou pela manhã um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu 10 mil contratos com vencimento em 2 de dezembro de 2013 por US$ 498,2 bilhões.

O leilão do BC hoje estava previsto pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar. O programa do BC -que começou a valer em 23 de agosto- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.

Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.

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