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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 1,26% nesta quinta-feira, aos 37.807 pontos. Desde a quarta-feira passada, quando o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) elevou a taxa básica de juros do país sem descartar novos aumentos, a bolsa caiu em seis de sete pregões, acumulando uma perda de 9,5%. O dólar, que ontem havia registrado a maior alta em três anos (3,23%), terminou em queda de 1,32%, cotado a R$ 2,173 para compra e R$ 2,175 para venda. Às 19h10m, o Risco-Brasil marcava 263 pontos, contabilizando aumento de 21,30% nos últimos sete dias.

O dia foi de muita volatilidade no mercado. A Bovespa subiu e desceu várias vezes, acompanhando de perto as oscilações de Wall Street. O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Valores de Nova York, fechou em queda de 0,69%.

O mercado financeiro de todo o mundo vive um momento de correção de preços, ampliada após a divulgação de que a inflação ao consumidor dos Estados Unidos subiu mais do que o esperado em abril, alimentando temores de novas altas dos juros básicos americanos.

A possibilidade de mais aumentos nos juros dos Estados Unidos - num momento de elevados preços de produtos como petróleo e metais, cujas cotações estão em níveis recordes no mercado global - pode levar a uma desaceleração do crescimento econômico mundial. Isso tem provocado um ajuste de preços de ativos financeiros nos quatro cantos do planeta, o que já está afetando o fluxo de recursos para países emergentes como o Brasil.

Dados divulgados pela Bovespa mostram que, em apenas dois dias (sexta e segunda), o saldo de investimentos estrangeiros acumulados no mês caiu quase pela metade:de R$ 1,16 bilhão para pouco mais de R$ 601 milhões. Só na segunda-feira, quando o Ibovespa caiu 2,34% com volume quase duas vezes maior que a média diária do ano, houve déficit externo de R$ 443 milhões.

- A queda da bolsa é completamente atrelada ao movimento externo de desalocação de ativos de maior risco - afirmou o analista Gustavo Barbeiro, da corretora Prosper.

O economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, disse que não identifica na atual turbulência do mercado financeiro uma mudança na avaliação dos países emergentes nem um aumento significativo da aversão ao risco. Ele discorda de que esteja em curso um movimento de "flight to quality" - ou seja, de retirada de dinheiro em mercados considerados arriscados rumo a opções tidas como mais seguras.

- Acho que a liquidez vai continuar razoável, sobretudo para os países emergentes que tenham uma boa história para contar, como o Brasil - afirmou.

Apesar disso, Barros acredita que os mercados continuarão voláteis "por algumas semanas", refletindo as preocupações com a inflação mundial e, em certa medida, a dificuldade em decodificar a forma de atuação do novo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, que assumiu a instituição no início de fevereiro, substituindo o quase lendário Alan Greenspan, que ficou 18 anos e meio à frente do cargo.

- Talvez o mercado tenha subestimado o que significou essa mudança - comentou Barros.

Em sua opinião, diante das pressões inflacionárias nos Estados Unidos, o Fed está "condenado" a aumentar mais uma vez a taxa básica de juros em junho, elevando-a dos atuais 5% para 5,25%.

- Uma outra alta pode ser necessária, mas não imagino nada além de 5,5% - afirmou.

Novamente, o Banco Central não promoveu leilões de compra de dólares. O diretor de câmbio da corretora Novação, Mário Battistel, disse que o mercado corrigiu os exageros da véspera e o dólar retomou sua tendência de queda.

- Ontem o real se desvalorizou muito e hoje houve um ajuste natural. O dólar voltou a um preço mais normal - comentou Battistel.

Segundo ele, a pequena alta registrada durante o dia foi provocada pelos operadores, diante da possibilidade de um leilão de compra do Banco Central.

- Geralmente, o BC faz os leilões pouco depois do meio-dia ou depois das 15 horas. Nesses dois horários, o mercado costuma dar uma puxada no dólar para tentar conseguir um melhor preço - comentou.

Os mercados internacionais tiveram um dia de muita oscilação e ansiedade com os rumos da política monetária americana. Os temores de novos aumentos na taxa básica de juros do país estão sendo aguçados com indicadores econômicos conflitantes. Se ontem a inflação ao consumidor dos Estados Unidos (EUA) gerou grande sobressalto, na terça-feira o índice de preços ao produtor (PPI) tinha provocado alívio, por revelar um número abaixo do esperado.

Hoje, as notícias voltaram a ser mais tranqüilizadoras: o número de pedidos a seguro-desemprego cresceu mais - sugerindo que a economia americana não está tão aquecida - e o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, disse que o desaquecimento do setor imobiliário está ocorrendo de forma "ordenada" e "moderada", afastando o fantasma de uma bolha que explodiria de maneira trágica.

Juros

Após a forte alta de ontem, os principais contratos de juros futuros fecharam em queda. A exceção foi o Depósito Interfinanceiro (DI) mais curto, para junho deste ano, que encerrou a 15,69%, alta de 0,06% em relação ao fechamento anterior. Já os DIs com vencimento em janeiro de 2008 - os mais negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) - recuaram 0,53%, projetando taxa anual de 14,95%. Os DIs para janeiro de 2007 marcaram 15,07%, 0,07% menos do que no fechamento de ontem. E os contratos para julho de 2006 caíram 0,20%, para 15,32%.

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