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Pelo quarto dia consecutivo, o dólar comercial fechou em alta e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em baixa. A moeda americana avançou 1,91% e encerrou esta segunda-feira com a maior cotação desde 30 de março - R$ 2,184 para compra e R$ 2,186 para venda. O Banco Central não promoveu leilão. O Ibovespa caiu 2,34%, aos 39.271 pontos. Durante a sessão, os dois chegaram a ter variações mais extremas. Na mínima do dia, a bolsa caiu mais de 3% e o dólar subiu 3,36%, a R$ 2,216.

O comportamento do mercado brasileiro reflete um movimento global de venda de ativos observado desde a quarta-feira. O ponto de partida foi o aumento do juro básico nos Estados Unidos, de 4,75% para 5%, seguido de um comunicado pouco esclarecedor do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), condicionando o futuro da política monetária do país à evolução de indicadores econômicos.

- A indecisão em relação aos juros nos Estados Unidos levou muitos investidores a venderem suas posições e embolsarem lucros - comentou o economista-chefe da consultoria GRC Visão, Jason Vieira.

Desde o meio da semana passada, as bolsas de valores operam em baixa. O operador da corretora Concórdia Tommy Taterka observa que, nos últimos anos, os mercados financeiros de todo o mundo passaram por forte valorização e os investidores concluíram que chegou a hora de embolsar os lucros.

- Onde tem ganho o mercado tá vendendo - comentou Taterka, acrescentando que, além de ações, a realização de lucros também ocorre nas commodities, como petróleo e ouro, que nesta segunda-feira registraram forte queda.

Segundo o operador da Concórdia, o Brasil, como outros países emergentes, é mais propenso a variações maiores. Nos últimos sete dias, o Ibovespa acumulou desvalorização de 5,41%. O dólar, por sua vez, contabilizou uma alta particamente da mesma ordem: 5,55%. A alta da moeda americana reflete a expressiva saída de recursos da Bovespa, especialmente de estrangeiros, de acordo com o analista Gustavo Barbeito, da corretora Prosper.

Barbeito e a maior parte dos analistas acreditam que a instabilidade do mercado durará pouco. Um bom sinal, segundo ele, foi o fechamento positivo do índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, que caiu durante a manhã, mas reagiu e terminou com alta de 0,42%, aos 11.428 pontos.

- O que é tranqüilizador é que lá fora isso está chegando ao fim. É uma mudança de porfólio e não uma mudança de tendência - ressaltou.

Para Jason Vieira, a divulgação dos indicadores de inflação ao produtor (PPI) e ao consumidor dos Estados Unidos (CPI) - marcadas para amanhã e depois, respectivamente - contribuirá para o fim do período de quedas, já que permitirá uma aposta mais clara para os juros americanos. Vieira disse que a forte queda desta segunda-feira também foi influenciada pela onda de ataques que ocorre desde sábado em São Paulo.

- Guardadas as grandes e devidas proporções, o que está acontecendo aqui é uma sensação de humor semelhante à do 11 de Setembro - comparou.

Por causa da violência, a Bovespa decidiu cancelar as negociações eletrônicas do período "after-market" que vai das 17h30 às 19h.

Risco

O risco-país encerrou com forte alta nesta segunda-feira. O Embi + brasileiro, calculado pelo JP Morgan, atingiu 246 pontos centesimais às 17h45m, 12 pontos a mais do que no fechamento da sexta-feira.

O Global 40, principal título da dívida externa brasileira, caiu 0,92%, negociado a 124,88% do seu valor de face. O A Bond recuou 0,47%, a 105,50% de seu preço.

Juros

Os principais contratos de juros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em alta. O Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2008 encerrou a 14,98%, alta de 0,40% sobre o fechamento de sexta-feira. O DI para janeiro de 2007 avançou 0,14%, projetando taxa anual de 14,89%. Uma das poucas exceções foi o contrato com vencimento em julho deste ano, que fechou com queda de 0,07%, a 15,35% ao ano.

Segundo Jason Vieira, os contratos de juros mais longos refletem a expectativa de abrandamento da política fiscal do governo. O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, já admitiu a possibilidade de reduzir de 4,25% para 4,10% a meta de superávit primário deste ano.

- A visão do mercado é de que o Mantega não é tão rigoroso na política fiscal - comentou Vieira.

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