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Investir no mercado financeiro exige sangue- frio para deixar o dinheiro parado mesmo quando o investidor vê a cotação de suas ações despencar. E mais: requer nervos de aço para suportar momentos de turbulência como os observados nas últimas semanas. Em maio, o sobe e desce do índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) surpreendeu até os mais experientes. Subiu 4,3% até o dia 9, alcançando o recorde de 42 mil pontos. Depois caiu 15%, fechando o mês em 36.500 pontos. Para quem deseja entrar nesta verdadeira roleta-russa, os especialistas aconselham a compra de ações com preços baixos. A turbulência, dizem eles, é passageira no longo prazo – leia-se mais de um ano – e por isso a paciência também é requisito básico para este jogo.

E foi a esperança de "nuvem passageira" que teve Vinícius Vieira, recém-formado em administração. Na faculdade, ele aprendeu as noções de acompanhamento do mercado. Ficou fã do assunto ao ler o livro "Pai rico, pai pobre", de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter. Imbuído de um verdadeiro espírito investidor, há dois meses Vinícius comprou ações na Bovespa. "Aproveitei que os preços já estavam em baixa e tenho absoluta certeza de que vou ganhar dinheiro", diz. Ele já enfrentou alta e queda expressivas, mas não desistiu.

O publicitário Cristhian Stange, 30 anos, também quis aproveitar o momento. Quando a Bolsa começou a despencar, há duas semanas, ele correu para vender o que tinha, mesmo tendo prejuízo de 4% em três papéis (TAM, Natura e Gol). "Queria aproveitar para comprar as mesmas ações, só que mais baratas, no auge da desvalorização", explica. Ele conta que não se assustou com a variação registrada. Só com a TAM, já obteve lucro de 4%.

Esta calma ao lidar com perdas e ganhos de dinheiro, de acordo com o gestor do fundo de ações do Paraná Banco André Paes, é explicada pelo perfil do investidor. "Entrar no mercado financeiro é para quem tem um dinheiro que não vai precisar gastar tão cedo", diz. Mas engana-se quem pensa que a Bolsa é lugar só para gente milionária. No fundo gerido por ele, são aceitos investidores que tenham a partir de R$ 2 mil para destinar à compra de ações. "O ideal seria comprar agora", aconselha, por conta da desvalorização em muitos papéis. Já na corretora Aureum, cujo valor mínimo de compras é de R$ 500, os clientes são orientados neste momento a investir somente a metade do que destinariam normalmente.

O advogado Rodrigo Kana-yama decidiu não investir neste momento, depois de perder 10% em algumas das ações. "Eu sempre defino um limite de perda. As que não atingiram o limite ainda mantenho, pois não vale a pena vender e comprar por pouco ganho ou perda, por causa das taxas da corretora e da Bovespa. Agora estou preocupado com a reunião do Fed", diz, referindo-se ao encontro dos diretores do banco central americano, que podem elevar os juros daquele país novamente e causar rebuliço nos mercados emergentes – entre eles o Brasil.

Isso ocorre porque, quando os juros nos EUA sobem, os investidores estrangeiros abandonam suas participações em empresas de emergentes para ganhar mais com os juros naquele país. Kanayama acompanha o desempenho das empresas em que investe, uma característica apreciada pelos especialistas. "Só devem comprar neste momento pessoas que conhecem, confiam e querem investir em alguma empresa, com a certeza de retorno no longo prazo", aconselha o economista-chefe da consultoria GRC Visão, Jason Vieira.

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