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Petrobras
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro anunciou, pelas redes sociais nesta sexta-feira (19), que indicou o general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobras. A indicação acontece após Bolsonaro se irritar com os aumentos sucessivos de preços dos combustíveis. Atualmente, Silva e Luna é diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional. Ele é nome de confiança de Bolsonaro.

A substituição, segundo Bolsonaro, deve acontecer após o encerramento do ciclo, de dois anos, do atual presidente da estatal, Roberto Castello Branco. O conselho de administração da companhia se reúne na próxima terça-feira (23) para decidir sobre a recondução ou não do presidente da companhia para mais dois anos.

É um procedimento padrão, realizado a cada dois anos, previsto nas regras da política de indicação dos membros do conselho fiscal, conselho de administração e diretoria executiva da Petrobras. Castello Branco assumiu a presidência da estatal em janeiro de 2019, por isso precisaria ser reconduzido em 2021 a mais dois anos. Mas, segundo Bolsonaro, o nome deve ser substituído pelo do general Silva e Luna.

O conselho de administração, contudo, pode não acatar a sugestão de Bolsonaro. Eles têm essa autonomia, segundo o estatuto da Petrobras. O conselho é formado por membros indicado pelo governo, acionistas e empregados. O nome de Castello Branco sempre foi bem-visto entre os conselheiros. Mas a maioria dos conselheiros são indicados da União, e Bolsonaro pode, se quiser, destituí-los caso sua vontade não seja atendida.

Preço dos combustíveis

A demissão de Castello Branco acontece após a Petrobras ter anunciado na quinta-feira (18) aumentos de 15,2% para o diesel e de 10,2% para a gasolina, os maiores deste ano e de toda a gestão Castello Branco. Ao todo, foram quatro reajustes somente em 2021. Esses reajustes fizeram o litro da gasolina e do diesel nas refinarias acumular alta de, respectivamente, 34,78% e 27,72%.

Bolsonaro demonstrou irritação com os aumentos em transmissão ao vivo nas redes sociais na noite de quinta-feira. Ele afirmou que o aumento foi "fora da curva", "excessivo", reclamou que a "bomba" cai sempre no colo dele e afirmou que a Petrobras passaria por mudanças, sem citar quais.

Em outra fala, direcionou as críticas ao presidente da estatal. “Como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias: ‘Eu não tenho nada a ver com caminhoneiros’. Foi o que ele falou, o presidente da Petrobras. Isso vai ter uma consequência, obviamente.”

A declaração já tinha soado como uma ameaça velada de demissão, já que o histórico do presidente é "fritar" publicamente seus desafetos antes que eles sejam desligados, a pedido ou pelo próprio Planalto.

Porém, a demissão não era tão aguardada, já que Castello Branco é nome forte dentro da Petrobras e amigo pessoal do ministro Paulo Guedes (Economia). Foi Guedes quem indicou ele para a presidência da Petrobras.

Mudança no comando da Petrobras é derrota da equipe econômica

A demissão de Castello Branco representa mais uma derrota para a equipe econômica. Além de ter a confiança de Guedes, o executivo é considerado um "liberal de carteirinha", já que foi formado pela Universidade de Chicago, berço do liberalismo econômico.

Ele vinha promovendo um saneamento nas contas da Petrobras, dando sequência à gestão de Pedro Parente, da época do governo Temer. O nível do endividamento da companhia vinha caindo, ela tinha autonomia na definição da sua política de preços e dava andamento ao seu programa de desinvestimentos, vendendo ativos não rentáveis.

Interferência na política de preços

O temor do mercado agora vai ser uma interferência na política de preços da Petrobras. A petrolífera reajusta os combustíveis de acordo com a paridade internacional, ou seja, com a variação do preço do barril de petróleo, cotado em dólar. Os reajustes não têm periodicidade definida, podendo acontecer quando necessário.

Na época do governo Dilma, por exemplo, houve um represamento de preços. Os reajustes eram trimestrais e, ainda assim, a companhia não seguia a paridade internacional, acumulando prejuízos.

Nesta sexta-feira, as ações preferenciais da Petrobras caíram 6,12% e as ordinárias, que têm direito a voto, recuaram 7,54%, somente com as ameaças feitas por Bolsonaro na quinta-feira. Foram as maiores baixas do Ibovespa.

O anúncio da demissão foi feito às 19h30 desta sexta, após o fechamento do mercado. Portanto, terá impacto nas ações somente na segunda-feira (22), quando a Bolsa de Valores volta a funcionar.

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