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No setor de transporte rodoviário e transporte público, dois projetos conduzidos por pesquisadores em Curitiba estão próximos de transformar o mercado. Eles estudam uma maneira de criar versões bicombustíveis de motores diesel – um com gás natural (GNV) e outro com etanol. O protótipo de GNV está em desenvolvimento desde 2008 e tem possibilidades de encarar a estrada comercialmente já a partir de 2012.

O desafio do projeto é garantir que o sistema bicombustível mantenha a potência e o torque típicos do motor a diesel, importantes em veículos de grande porte como caminhões e ônibus. Por enquanto, o motor está sendo submetido a testes dentro do laboratório, e em breve deve equipar um veículo para iniciar os testes externos. "Os resultados até agora são ótimos dentro dos principais critérios técnicos que definimos", diz o diretor de engenharia e vendas de sistemas diesel da Bosch América Latina, Mário Massagardi.

Mistura

Os motores diesel trabalham de forma diferente dos que equipam automóveis de passeio: a ignição da combustão ocorre por compressão, enquanto nos motores a gasolina, etanol ou GNV precisam da faísca da vela para iniciar a combustão interna. Segundo Massagardi, o novo modelo da Bosch tem alcançado valores satisfatórios em uma mistura com apenas 10% de diesel, deixando 90% para o gás natural.

Além dos critérios de potência e torque, outros requisitos estão na mira do time de 12 pessoas que trabalha na pesquisa e desenvolvimento do motor. A eficiência energética é um deles: ao passo em que carros com explosão à vela consomem de 30% a 40% mais volume quando rodam com gás, a mistura com GNV tem mostrado equivalência em termos de volume e rendimento, possibilitando a manutenção dos índices de potência.

Também estão no topo da lista a confiabilidade, baixo custo de manutenção e a emissão de resíduos: o diretor afirma que o nível de emissão de poluentes também está de acordo com o Proconve P7 (equivalente à norma Euro5), que passa a vigorar no Brasil a partir de 2012.

Do mesmo projeto, a partir dos componentes informatizados que foram desenvolvidos para a nova tecnologia, saiu a base para o novo motor diesel/etanol, que hoje ainda está em estágio incipiente. "O que temos neste projeto ainda são testes mais simples, iniciados no ano passado, mas que no entanto têm se mostrado promissores", resume. O sistema é composto por um tanque de combustível extra para o álcool, bomba elétrica com regulador de pressão, filtro de combustível, sensor de pressão e temperatura, e unidade de gerenciamento eletrônica.

Promessa

E qual o potencial de adesão à moda bicombustível no nicho de caminhões? Na avaliação de Massagardi, o sucesso atual no uso de combustíveis alternativos à gasolina deve muito à tecnologia de flexibilidade de abastecimento – os automóveis originais calibrados para rodar apenas com álcool, que apareceram na década de 80, caíram em descrédito por causa da oscilação natural da oferta do mercado

"Hoje os flex já dominam 88% dos carros novos, contra 3% do que eram em 2003. A possibilidade de escolher o combustível atrai o consumidor. Vemos grandes chances de adesão ao oferecer uma tecnologia que use diesel associado a uma segunda fonte energética. Isso serve especialmente nos mercados onde há abundância de gás", diz.

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