Os empresários Artur Grynbaum e Miguel Krigsner, donos da rede de franquias de perfumaria e cosméticos O Boticário, com faturamento de R$ 1,25 bilhão no ano passado, vão lançar uma nova marca para atuar em novos segmentos e canais de venda. Informações de mercado dão como certa a entrada do grupo no modelo porta a porta no qual terá de concorrer com Avon e Natura mas os dois garantem que estão sendo estudadas várias possibilidades, entre elas a venda no grande varejo, como supermercados, na internet e até mesmo um novo formato de franquias. "Temos um leque grande de oportunidades", diz Grynbaum. "O que está certo é que nessa investida não será usada a marca O Boticário, que permanecerá exclusiva da nossa rede de lojas", completa.
O novo projeto está a cargo da GKDS, empresa que foi criada pelos dois empresários no fim do ano passado, com sede em São Paulo, e que deve lançar, em no máximo dois anos, o plano de atuação em novos mercados.
O objetivo é conseguir manter taxas de crescimento elevadas em um mercado que promete ficar cada vez mais competitivo. As vendas no setor cresceram 14,4% no país em 2009, enquanto outros mercados mundiais avançam no máximo a taxas de 7%. "Sabemos que muitas empresas estrangeiras virão para o Brasil com uma fome enorme. Por isso temos de resguardar nossas fronteiras e ampliar nosso escopo de atuação, ampliando nossas formas de vender e atender o consumidor", afirma Krigsner.
De acordo com ele, a GKDS e o O Boticário passam a atuar sob o guarda-chuva do grupo, que ganha nova marca em formato de espiral, nas cores azul, verde e laranja e com o logotipo "grupo boticário" (em letras minúsculas, mesmo). A novidade foi apresentada ontem, no dia em que O Boticário completou 33 anos, aos funcionários da fábrica em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, e do centro de distribuição em Registro (SP). Com 80% das ações do grupo, Krigsner ocupa a presidência do Conselho de Administração. Grynbaum, com os 20% restantes, é presidente executivo.
Capital fechado
O novo projeto deve demandar altos investimentos, mas a empresa descarta a necessidade de abrir capital para financiar a empreitada. A ideia é que, pelo menos no início, o novo produto ainda sem nome definido seja produzido na fábrica em São José dos Pinhais e distribuída por meio da estrutura montada em Registro.
O grupo já utiliza, com a marca O Boticário, o modelo de vendas na internet e a demonstração "in company" vendas com data marcada, em que alguns franqueados levam as mercadorias até as empresas. Adotar um novo nome também diminui a concorrência com os produtos vendidos nas lojas da rede de franquias. Hoje a empresa possui 2.840 lojas entre franqueadas e próprias.
Balanço
Enquanto os novos planos não saem do papel, o grupo segue com previsão de crescimento de 20% para suas receitas em 2010. No ano passado, o faturamento já havia crescido nessa proporção e o lucro líquido avançado 16%. Os investimentos devem chegar a R$ 130 milhões, incluindo R$ 60 milhões para renovar o patrocínio do programa Fantástico, da Rede Globo, e R$ 28 milhões para dar continuidade ao projeto de ampliação da capacidade de produção da fábrica em até 40% até 2012. A meta é manter a média de lançamentos de 360 novos produtos.
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