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Consequências

CVM investiga petroleira por suposta falha em divulgação

Agência Estado

A Comissão de Valores Imobiliários (CVM) está investigando a OGX e outras empresas do grupo EBX por suposta falha na divulgação de informações ao mercado. Dentre elas, a promessa de produção de petróleo que não se confirmou. O caso ainda não virou um processo sancionador, quando há acusações e possibilidade de julgamento. Se e quando chegar a esta etapa, dentre os acusados deve figurar o diretor de Relações com Investidores, principal responsável pela divulgação de informações ao mercado. Houve mais de uma pessoa nessa função, ao longo do período investigado.

A investigação é anterior ao fato relevante divulgado na segunda-feira pela OGX, em que a petroleira diz "que não devem mais ser consideradas válidas as projeções anteriormente divulgadas, inclusive as que dizem respeito a suas metas de produção", uma declaração que agrava a situação da empresa.

Carimbos

Agências de risco classificam OGX como possível caloteira

Ainda ontem, no calor do mau humor do mercado financeiro, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou as notas de crédito da OGX para o nível de pré-calote. A japonesa Kamakura, especializada em gestão de risco, também colocou a petroleira de Eike Batista em (má) evidência ao colocá-la em terceiro lugar na lista de maiores ameaças de calote aos credores no mundo, no momento.

R$ 0,45 por ação é quanto valia a OGX no encerramento dos negócios de ontem. Os papéis da petroleira do grupo EBX de Eike Batista registraram desvalorização de 19,64%. No ano, são 89,73% de queda. Outras duas empresas do grupo, a mineradora MMX e a operadora de logística LLX também fecharam com perdas de 17,29% e 11,24%, respectivamente, sendo cotadas a R$ 1,10 e R$ 0,79.

O principal índice da Bovespa teve a pior queda diária desde setembro de 2011 ontem, depois que preocupações com as perspectivas para a economia brasileira desencadearam um movimento de venda generalizada de ações, com empresas de Eike Batista mais uma vez liderando as perdas. O Ibovespa fechou em baixa de 4,24%, a 45.228 pontos – pior resultado desde 22 de setembro de 2011.

A forte queda da produção industrial brasileira em maio sobre abril, de 2%, pegou o mercado de surpresa, reacendendo temores sobre as perspectivas para a economia e para o desempenho das companhias listadas em bolsa.

Mas o clima do mercado, que já era ruim pela manhã, azedou de vez à tarde, com o índice chegando a cair 5,1% na mínima da sessão, a 44.818 pontos. "O movimento das ações indicou que houve investidores grandes se desfazendo de posições, estrangeiros saindo mesmo do mercado", disse um operador de uma corretora paulista que pediu para não ser identificado.

Operadores citaram também que a perda de importantes pontos de suporte gráfico contribuiu para acentuar a queda do índice, com o acionamento de ordens de "stop loss", vendas com objetivo de limitar prejuízos de investidores.

"Estamos vendo uma crise de confiança em relação ao Brasil, o que acaba gerando um efeito manada", disse o gerente de renda variável da H.Commcor Corretora, Ariovaldo Santos.

"A indústria vinha tendo uma performance relativamente boa, com uma recuperação pontual devido à venda de caminhões, mas agora mostra sinais de desaquecimento", explica Bruno Gonçalves, analista da corretora WinTrade.

As ações "X"

A queda do Ibovespa foi capitaneada mais uma vez por empresas do grupo EBX de Eike Batista, com destaque para a petroleira OGX, que recuou de 19,64%, e a mineradora MMX, que afundou 17,3%.

O movimento ocorreu após a OGX anunciar na véspera a suspensão de projetos de produção na bacia de Campos, o que levou bancos a reduzirem o preço-alvo da ação para valores entre R$ 0,10 e R$ 0,30.

O pessimismo com as perspectivas para as empresas de Eike também contaminou outros setores na Bovespa, segundo analistas, especialmente bancos, com investidores ponderando riscos de default de empréstimos feitos ao grupo.

As blue chips Petrobras e Vale também tiveram forte queda na sessão, dentre as principais influências de baixa para o índice. As ações da Eletropaulo fecharam em baixa de quase 7%, após a agência reguladora do setor elétrico, a Aneel, aprovar reajuste médio nulo para tarifa de energia da companhia.

Apenas dois dos 71 papéis que compõem o Ibovespa fecharam em alta – a varejista online B2W saltou 6,64%, enquanto a Diagnósticos da América (Dasa) subiu 2,14%.

Fuga de estrangeiros é a maior em 9 meses

A saída líquida de recursos de investidores estrangeiros da bolsa brasileira – diferença entre compras e vendas de ações – foi de R$ 4,07 bilhões em junho, o maior em nove meses, desde os R$ 4,17 bilhões de setembro de 2012. O Ibovespa registrou queda de 11,3% no mês. Na média de 2013, os estrangeiros respondem por 42,5% do volume negociado na bolsa paulista.

O cenário global de maior aversão ao risco, com incertezas sobre o futuro dos estímulos econômicos nos EUA, e a deterioração das perspectivas em relação à economia doméstica contribuíram para a fuga de recursos, avaliam especialistas.

Para Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, a saída é reflexo de um discurso de Ben Bernanke, presidente do Fed, o banco central americano, no mês passado. Na ocasião, ele definiu um cronograma para a redução de seu programa de recompra de títulos, que atualmente é de US$ 85 bilhões por mês. "Houve um efeito psicológico que fez o dólar se valorizar frente a outras divisas e causou uma fuga de capital, principalmente nos países emergentes", afirma.

Esse efeito é resultado da expectativa de que a retirada dos estímulos provoque o aumento da taxa de juros básico nos Estados Unidos, atraindo mais investidores para o mercado americano. "Em setembro, caso o Fed retire os estímulos, deve haver nova fuga de capital e novas turbulências nos mercados", afirma Galdi.

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