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Dólar sobe e encosta em R$ 2,30, pressionado por Ucrânia

O dólar fechou em alta de quase 1% nesta quinta-feira (7) e chegou a R$ 2,30 durante o pregão pela primeira vez em mais de quatro meses, impulsionado pelas crescentes tensões entre a Rússia e o Ocidente. Com isso, segundo operadores, foi fortalecida a tese de que o cenário de incertezas globais e domésticas deve manter a moeda norte-americana acima do antigo teto informal de R$ 2,25 reais nos próximos meses.

O dólar subiu 0,98%, a R$ 2,2959 na venda, após chegar a R$ 2,3000 na máxima da sessão. De julho até agora, a valorização é de 3,89%. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1 bilhão de dólares. "Quando começou a pressão lá de fora, o pessoal aproveitou para testar alguns patamares mais altos para o dólar aqui, ver até onde conseguia chegar", afirmou o operador de câmbio da Intercam Glauber Romano, para quem o dólar não tem força para se sustentar acima de R$ 2,30.

No início da tarde, a agência de notícias AFP relatou que um jato militar foi derrubado em área ocupada por rebeldes pró-Moscou no leste da Ucrânia. O clima de preocupações já vinha de cedo, após a Rússia anunciar, pela manhã, sanções contra potências ocidentais.

Na cena doméstica, investidores aguardam a divulgação de pesquisa eleitoral do Ibope, que deve ser ocorrer ainda nesta quinta-feira. Os mercados têm demonstrado desconfiança sobre a condução da política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição em outubro. "O cenário externo está complicado. Aqui, temos eleições... Tudo indica que o dólar vai continuar pressionado por enquanto", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca, para quem o intervalo de R$ 2,25 a R$ 2,30 deve se tornar uma nova referência para o mercado.

O dólar operou em níveis mais baixos, entre R$ 2,20 e R$ 2,25, desde o início de abril até a semana passada, com breves exceções. Essa banda agradaria ao Banco Central brasileiro por não impactar a inflação ou as exportações.

O principal índice da bolsa brasileira fechou em queda nesta quinta-feira (7), pressionado pelas ações da Petrobras e do setor financeiro, em meio à expectativa de divulgação à noite de nova pesquisa eleitoral. O aumento da tensão entre a Rússia e o Ocidente por causa da crise na Ucrânia também afetou negativamente o mercado local. O Ibovespa encerrou em baixa de 0,53%, a 56.188 pontos. O giro financeiro do pregão totalizou R$ 6,04 bilhões.

"A Petrobras mexe com os corações, mas, na minha leitura, a piora do mercado está mais relacionada ao cenário externo, com a questão da Rússia", disse o gestor na Effectus Investimentos Joaquim Kokudai. "Claro que, dependendo do resultado, a pesquisa pode apagar isto", ponderou. A contaminação externa no pregão brasileiro se deu pela deterioração dos índices acionários em Wall Street que chegaram a esboçar ganhos no início do dia, mas passaram a recuar ainda no final da manhã por preocupações com a situação na fronteira da Ucrânia e a troca de sanções entre Moscou, Estados Unidos e União Europeia.

A Petrobras experimentou uma sessão volátil, com os papéis preferenciais encerrando em queda pela primeira vez na semana, de 0,79%, a R$ 20,15, após valorização de quase 7% nos três pregões anteriores. Ao longo do dia, as ações chegaram a subir 1,87% na máxima e a cair 2,12% na mínima. As ações ordinárias da estatal fecharam em baixa de 1,26%, a R$ 18,80, também encerrando uma sequência de três altas.

Conforme informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a TV Globo contratou pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial com divulgação prevista a partir desta quinta. A previsão no mercado é que os números sejam revelados pelo Jornal Nacional, da TV Globo. Na quarta-feira (6), foi registrada no TSE nova pesquisa Sensus, com divulgação a partir de 11 de agosto.

Também nesta quinta-feira a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou no final da manhã que a produção de petróleo no Brasil em junho atingiu o recorde de 2,246 milhões de barris por dia, mas a revelação não foi suficiente para conter a queda das ações da Petrobras.

Do setor financeiro, a ação da BM&FBovespa liderou as perdas do índice, com recuo de 2,8%. A operadora de bolsa brasileira divulga balanço após o fechamento do mercado ainda nesta quinta-feira. Em email a clientes no início da tarde, o Itaú BBA disse que alguns investidores estavam reduzindo exposição ao papel antes da divulgação dos números do segundo trimestre.

Prévia da Reuters para o resultado da BM&FBovespa mostrou que a menor quantidade de dias úteis e os fracos volumes de negociações no segundo trimestre provavelmente impactaram os resultados da empresa. A queda de 0,89% das preferenciais do Itaú Unibanco, para R$ 35,48, e de 1,05% das preferenciais do Bradesco, para 34,75 reais, também tiveram um peso importante no recuo do Ibovespa. No caso do Itaú, o declínio ocorreu mesmo após UBS e Goldman Sachs elevarem o preço-alvo para o papel do maior banco privado do Brasil.

Entre as ações de empresas que divulgaram balanço após o fechamento da quarta-feira e a manhã desta quinta-feira, Ultrapar destacou-se entre as maiores altas do Ibovespa por quase toda a sessão, após registrar lucro líquido de R$ 301,4 milhões no segundo trimestre.

Os papéis de AES Eletropaulo, por sua vez, reverteram perdas iniciais após a divulgação de balanço mostrando prejuízo de R$ 354,4 milhões de abril a junho de 2014, e fecharam o dia com elevação de 0,68%, a R$ 10,30.

As ações da Braskem também recuaram nesta sessão, reagindo ao resultado do segundo trimestre, apesar de a petroquímica ter revertido o prejuízo de um ano atrás com um lucro de R$ 124 milhões. Os papéis fecharam em queda de 1,17%, a R$ 14,42. Fora do Ibovespa, as ações da Marisa Lojas voltavam subir fortemente nesta sessão, terminando em alta de 4,45%, a R$ 16,90. Coluna Direto da Fonte, do Jornal O Estado de São Paulo, disse que André Esteves, do Grupo BTG Pactual, estaria interessado na empresa.

No início da semana, circularam rumores de que a Lojas Renner estaria interessada na Marisa Lojas, o que foi negado pela Renner.

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