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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve forte volatilidade nesta quinta-feira acompanhando o caos dos mercados internacionais. Após registrar perdas de 8,71%, o Ibovespa (principal índice do mercado de ações brasileiro) se recuperou no fim do dia e fechou em baixa de 2,58%, aos 48.016 pontos. O volume financeiro chegou a R$ 8,392 bilhões, acima da média diária. O dólar, por outro lado, subiu forte e bateu R$ 2,12 para terminar a sessão a R$ 2,093, em alta de 3,05%, no maior valor desde 16 de março.

O caos nos mercados foi provocado pela divulgação de mais notícias sobre o agravamento da crise do setor de crédito americano levaram os mercados do mundo todo a desabar. No exterior, as ações européias fecharam nos menores níveis em quatro anos, já que não foram influenciadas pela recuperação das bolsas americanas que ocorreu no fim da tarde. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, chegou a cair mais de 2% durante o dia, mas se recuperou e fechou em baixa de apenas 0,12%, 12.845,8 pontos. Já o índice eletrônico Nasdaq, encerrou com perda de 0,32%, a 2451.07 pontos. Na Ásia, as bolsas fecharam em forte queda, principalmente em Seul, que teve baixa de quase 7% .

Mais empresas relatam problemas de solvência

Depois da Countrywide Financial, maior empresa de crédito imobiliário do país, ter informado que sacou uma linha de crédito de US$ 11,5 bilhões para garantir a continuidade de suas operações , foi a vez de outra grande empresa do setor nos EUA comunicar seus problemas ao mercado. A First Magnus, outra grande financeira do setor hipotecário dos Estados Unidos, anunciou nesta tarde que interrompeu a concessão de empréstimos e o recebimento de pedidos de crédito para residências . Além disso, a Moody's informou em teleconferência que a crise em curso tem potencial para atingir algum grande hedge fund.

Fora dos Estados Unidos, a empresa australiana de empréstimos imobiliários RAMS Home Loans Group avisou nesta quinta-feira que foi incapaz de refinanciar 6,17 bilhões de dólares australianos (US$ 4,94 bilhões) em dívida americana de curto prazo, o que a forçou abuscar fundos de emergência.

Fed injetou mais US$ 17 bilhões

Com este cenário, o Fed (banco central americano) já injetou recursos da ordem de US$ 17 bilhões no sistema bancário americano nesta quinta-feira, mas os recursos não foram suficientes para acalmar o mercado.

Antes da abertura dos negócios, para piorar os humores do mercado que já vinham péssimos com perdas nas bolsas asiáticas, o Departamento de Comércio divulgou que a atividade de construção de novas casas recuou 6,1% em julho - a maior queda em dez anos . Os pedidos de licença para novas construções também despencaram.

Perdas se aproximaram das resgistradas no 11 de Setembro de 2001

Quando o índice Ibovespa atingiu o pico de baixa, com queda de 8,71%, se aproximou das perdas registradas no dia dos ataques de 11 de Setembro de 2001, quando caiu 9,18%, segundo informações da Economática. Se o Ibovespa atingir 10% de queda em um mesmo dia, o sistema de proteção (circuit breaker) da Bovespa vai interromper as negociações. A última vez que o sistema foi usado foi em 1999, quando houve a desvalorização cambial no governo Fernando Henrique Cardoso.

Até a quarta-feira, o valor de mercado das empresas brasileiras que negociam ações em bolsa já tinha caído US$ 209,7 bilhões desde 19 de julho, quando a Bolsa atingiu seu recorde de alta , segundo cálculos da consultoria Economática.

O dólar chegou a subir 4,43% logo na abertura e bateu em R$ 2,12, o valor mais alto desde 7 de março. Apesar da alta, especialistas ouvidos pelo Globo Online não acreditam na intevenção do Banco Central no mercado de câmbio . O risco-país subia 13,2%, para os 231 pontos.

Investidores desmontam posições

O diretor da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira, avalia que a enorme volatilidade em todos os mercados do mundo se deve ao desmonte de posições com investidores vendendo suas ações para garantir algum lucro que já deve ter registrado ou evitar perdas maiores.

- A volatilidade está enorme. Não tem notícia econômica que mude essa tendência - afirma Bandeira.

O economista acredita que ainda não houve contágio dos fundamentos da economia mundial, mas que isso vai depender da duração dessa crise no mercado de crédito e da profundidade. Bandeira avalia que as perspectivas de crescimento das principais economias do mundo ainda não foram comprometidas por esta crise.

O economista-chefe do Banco Schain, Silvio Campos Neto, ressalta, no entanto, que os riscos de contágio de outros setores da economia real americana aumentaram.

- Aumentaram os riscos de o consumo ter uma retração por causa dos problemas no crédito - afirmou o economista, que prevê que os mercados financeiros continuem com uma forte volatilidade pelo menos até a próxima reunião do Fed (banco central dos EUA), prevista para 18 de setembro.

No Brasil perdas são maiores por causa da liquidez, diz analista

Ures Folchini, vice-presidente de renda fixa do banco WestLB no Brasil diz que no Brasil, explica que as quedas no Brasil são mais acentuadas porque onde há liquidez para venda, o movimento se intensifica. Isso ocorre porque a necessidade emergencial de fundos para sanear prejuízos lá fora é grande e as instituições vendem seus papéis no Brasil.

- Estamos entrando em uma fase aguda da crise - afirmou.

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