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Uma onda mundial de pessimismo nos mercados mundiais tragou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem, que sofreu o seu pior fechamento dos últimos seis anos. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, encerrou o dia aos 43.145 pontos, em queda de 6,63%. O "pânico" com o efeito China veio casado com um volume de negócios de respeito: R$ 5,4 bilhões. Apesar disso, analistas recomendam aos pequenos investidores uma boa dose de sangue-frio. Vender ações em momentos de grande queda, segundo eles, seria "aceitar o prejuízo".

"Nesses períodos de maior nervosismo, o melhor para o investidor é não mexer em suas aplicações. Ficar parado é o mais recomendado no momento", afirma Alex Agostini, analista da consultoria Austin Rating.

Queda histórica

A praça financeira não vivia um dia tão ruim desde julho de 2002, quando a Bolsa caiu 6,5%, em meio aos temores generalizados do cenário político. Pior, somente no dia 11 de setembro de 2001 – dia do atentado aos EUA – quando a Bovespa fechou mais cedo, em queda de 9%. "O mercado estava esperando um motivo para realizar [vender ações muito valorizadas] e ele apareceu. A gente somente não sabia que ele iria aparecer na China", afirma a analista Kelly Trentim, da corretora SLW.

"O estrangeiro, quando vende, dá ordem em todos os mercados emergentes e concentra tudo no mercado americano. As Bolsas do Brasil, da China e de todo o mundo têm ganhos que justificam essa venda", afirma o operador da Planner, em Curitiba, Marco Antônio Lacombe. Ele explica que o investidor prefere se desfazer do papel nestes momentos de queda, porque já acumulou ganhos anteriores. "É bastante ‘gordura’ para queimar. Se ele já ganhou 16% no mês e perdeu 8% no dia, de qualquer forma é um ganho de 8% no mês. Esse é o pensamento de ganho do estrangeiro: ‘embolsa esse prêmio que para mim está bom’", exemplifica Lacombe.

A queda só não foi pior porque – como salientam profissionais das corretoras – algumas ações ficaram tão baratas, devido à quedas da ordem de 10%, que atraíram compras mesmo em um ambiente de vendas generalizado. Também sinaliza que alguns investidores esfriaram a cabeça e não esperam no pregão de amanhã uma repetição da "terça-feira negra".

O mercado de câmbio também foi afetado pelo estresse mundial: o dólar comercial foi cotado a R$ 2,120 nos últimos negócios, em seu maior preço desde o final de janeiro. O risco-país também não saiu incólume, e bateu a casa dos 190 pontos.

Estopim

Foi dos EUA, e da China, que vieram as notícias que afundaram os mercados mundiais. A Bolsa de Xangai foi o "estopim", quando fechou em baixa histórica de 8,8%. Os investidores temeram que o governo chinês anuncie uma nova rodada de medidas para deter o superaquecimento da economia chinesa.

Nos EUA o pessimismo foi alimentado pela queda de 7,8% nas encomendas de bens duráveis.

Essas notícias tiveram o efeito de "bomba" nos mercados mundiais, no famoso "efeito dominó". Na Inglaterra, queda de 3,45%; na Argentina, o índice Merval derreteu 7,5%. Nos EUA, Wall Street recuou 3,29% e teve de restringir os negócios na praça para limitar as perdas.

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