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Tem gente que senta diante do computador para trabalhar ou fazer o dever de casa, dá uma passadinha no MSN para ver quem está online, e entra no Orkut para saber se há novos posts e, de repente, se dá conta de que se passaram 10, 12 horas de conexão à internet. Nem todo o mundo sabe, mas existe uma linha tênue entre a mania de estar conectado e o vício em internet.

No Brasil ainda não existem números concretos ou pesquisas abrangentes nesta área, mas a internet já é classificada entre os tipos de entretenimentos que conduzem ao vício - ao lado de jogos de azar, sexo e compras. Pelo menos é o que estudam os psicólogos e psiquiatras que trabalham no Programa de Orientação e Atendimento de Dependentes (Proad), do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Quem procura tratamento no Proad passa por uma triagem para identificar o perfil dos usuários de internet. Os chamados "dependentes comportamentais" se juntam a grupos de até 15 pessoas ou são encaminhados para psiquiatras ou ainda para terapias individuais.

Segundo Juliana Bizeto, psicóloga e uma das profissionais envolvidas no Proad, não é apenas o tempo gasto com a internet, mas também o tipo de dedicação que indicam dependência. Se o usuário apresenta perda de horas dormidas, queda na qualidade do trabalho e já não tem amigos ou qualquer tipo de relacionamento fora do mundo virtual, há indícios fortes de dependência..

- Levamos em conta se a pessoa não tem outras fontes de lazer, se apresenta perdas na qualidade dos relacionamentos e se vem comprometendo trabalho ou escola. Se o usuário tem dificuldades de se relacionar e se registra perdas por causa da internet, existe chances de ele ser dependente - afirma Juliana Bizeto.

Exterior

No exterior o assunto também é levado à sério. Nos EUA, uma pesquisa divulgada na última semana de outubro pela Escola de Medicina da Universidade de Stanford, na Califórnia, mostrou que mais de um em cada oito adultos americanos têm dificuldades em ficar dias longe da internet. Recentemente o Departamento de Prevenção a Vícios de Zurique, na Suíça, lançou uma campanha que alerta para os perigos do acesso muito freqüente ao mundo online. Pelo menos 50 mil suíços estão viciados em internet ou em risco de se tornar um, constatou o departamento.

Juliana não sabe definir o percentual de viciados em internet entre os tratamentos do Proad, mas relaciona o crescente acesso à rede ao aumento constante na procura por tratamento. Quem busca a ajuda do núcleo com a consciência de que precisa de tratamento para o vício - a maioria dos dependentes é composta por adolescentes - pode apresentar melhora após três meses. Mas ao contrário do que a maioria pode imaginar, o afastamento total da internet e do computador nem sempre é o tratamento recomendável.

- O mais recomendável é ampliar as atividades de lazer, tentar melhorar a qualidade dos relacionamentos e, se possivel, diminuir o tempo de acesso. Hoje em dia muita gente usa a internet para trabalhar e estudar. Suspender o acesso não é a única forma de controle - destaca a psicóloga.

Ainda segundo Juliana, assim como acontece com as demais dependências, as pessoas que contam com o envolvimento da família no tratamento melhoram mais rápido e com mais qualidade do que aqueles que buscam tratamento sozinhos.

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