O ex-ministro e fundador da Companhia Vale do Rio Doce (hoje Vale), Eliezer Batista, criticou na tarde desta segunda-feira (16) a atual situação da economia brasileira e disse que o Brasil está virando uma colônia do século passado. Segundo ele, o país erra em não ter uma postura mais agressiva na exportação de produtos industrializados. Batista criticou a elevada dependência de produtos básicos na pauta exportadora brasileira.
"Eu vejo (essa elevada participação de produtos básicos nas exportações) como algo muito mau, nós estamos virando uma colônia europeia africana do século passado. E sem agregar valor você não cria empregos de qualidade", disse Eliezer Batista no almoço de 203 anos da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
Ele defendeu a estratégia de negócios da EBX, empresa de seu filho Eike Batista. Segundo o engenheiro - que compõe o Conselho de Administração do grupo - o mercado financeiro está sendo "exagerado e injusto" com a empresa. Os papéis da EBX caíram muito nas últimas semanas depois que a empresa enfrentou dificuldades para explorar petróleo no litoral norte do Rio de Janeiro.
"A reação do mercado foi exagerada, muito exagerada. Exagerada e injusta. Uma firma que está no processo de produção. Isso é uma injustiça com uma companhia brasileira, é uma falta de civismo", afirmou Batista, lembrando ainda que a EBX não vive uma onda de otimismo exagerado e que todo operador de petróleo encontra obstáculos que não estavam previstos.
"Está tudo no começo, o petróleo está lá e vai ser retirado", completou ele, dizendo que se trata apenas de um problema técnico. Eliezer Batista afirmou que a Vale está certa em priorizar a venda de minério neste momento, pois consegue mais recursos assim, mas lembra que a empresa precisa ter uma estratégia de longo prazo.
Ele criticou a venda da Docenave, a companhia de navegação da Vale, e disse que a empresa precisa pensar em longo prazo. "Mas agora a empresa tem um presidente muito sério e inteligente", afirmou, fazendo, de certa forma, críticas indiretas à administração anterior, de Roger Agnelli.
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