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O Brasil pode ter um déficit comercial anual com a China pela primeira vez desde que os laços entre os dois países começaram a se fortalecer há sete anos, e especialistas disseram nesta segunda-feira que isso pode levar a um atrito entre as duas potências emergentes.

Nos primeiros três meses do ano, o déficit comercial brasileiro com o gigante asiático subiu para 523 milhões de dólares, ante 62 milhões de dólares no mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais do setor.

"Tudo indica que o Brasil vai ter um déficit de 2 bilhões de dólares com a China este ano", disse José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "Nossas exportações são basicamente matéria-prima, (enquanto) eles têm de tudo que você imagina", disse Castro.

O Brasil tem tido superávits comerciais com a China desde 2001, e em 2006 ele foi de 410 milhões de dólares.

Os números recentes podem renovar reclamações de líderes do setor industrial brasileiro para pressionar o governo a impor salvaguardas contra bens chineses, como sapatos e brinquedos.

Durante seu primeiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva frequentemente visava o amplo mercado chinês, dizendo que o Brasil poderia aumentar exportações como carne e jatos. A China, em troca, prometeu investir em infra-estrutura.

Em vez disso, as importações provenientes da China dispararam para uma alta recorde de 942 milhões de dólares em março, um aumento de 53,4 por cento ante o ano anterior, mostraram dados oficiais divulgados semana passada.

Lula já anunciou a introdução de capital chinês nos setores de siderurgia e de transportes, mas os investimentos ficaram aquém das expectativas.

"(Esse intercâmbio) não é o El Dorado que anunciaram", disse Castro. "O câmbio da China incentiva exportações, o nosso mata as exportações -são dois extremos."

O real se valorizou em 97 por cento ante o dólar desde 2002. Em contrapartida, a China valorizou o iuan em somente 2,1 por cento contra o dólar, em julho passado, e Pequim tem sofrido pressão internacional para que permita uma valorização maior de sua moeda.

Além de itens de produção em série como brinquedos, roupas e calçados, o Brasil importa cada vez mais bens industriais.

Uma siderúrgica brasileira recentemente importou maquinário da China "economizando 100 milhões de dólares com fornecedores domésticos", disse Charles Tang, chefe da Câmara de Comércio Brasil-China em São Paulo.

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