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O Brasil está trabalhando em uma lista de produtos dos Estados Unidos que podem sofrer retaliação após a determinação da Organização Mundial do Comércio (OMC) na semana passada, no caso sobre os subsídios ao algodão norte-americano, disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, nesta quinta-feira.

"Nós teremos reuniões no decorrer da próxima semana e esperamos que em 10, 15 dias possamos ter uma lista", disse ele à Reuters, em entrevista durante o intervalo da reunião entre ministros sobre progressos na Rodada de Doha.

A OMC emitiu um parecer na última segunda-feira sob o qual o Brasil pode impor sanções comerciais contra os Estados Unidos pelo subsídio ao algodão considerado ilegal pelo conselho de comércio, mas que ainda não foi removido por Washington.

O Brasil disse que poderia impor sanções de 800 milhões de dólares no ano. O EUA dizem que a determinação permite retaliação de cerca de 300 milhões de dólares.

A comissão de arbitragem da OMC disse que em certas circunstâncias, o Brasil poderia aplicar uma "retaliação cruzada", o que afeta serviços como os de propriedade intelectual e patentes farmacêuticas, além de aumentar as tarifas para outros produtos.

Batendo no ponto

Amorim disse que o Brasil vai examinar cuidadosamente como impor o máximo de influência com suas sanções.

O ministro disse que o Brasil precisa ter cuidado para não impor sanções que prejudique o país, como elevar os custos para a indústria, por exemplo.

"Tem de ser mais prejudicial para o outro lado para que a política mais prejudicial, no caso os subsídios ao algodão, possa ser removida", disse ele.

O objetivo da retaliação é a mudança de comportamento.

"Nós esperávamos que os Estados Unidos fossem mudar as políticas e então não iríamos precisar fazer a retaliação, mas isso foi uma esperança", acrescentou.

Na terça-feira, Amorim disse que o Brasil desejaria negociar com os Estados Unidos antes da retaliação.

Sobre a Rodada de Doha, Amorim disse ainda acreditar que as negociações podem ser concluídas no próximo ano se os membros da OMC realmente quiserem.

Para o ministro, o novo representante comercial dos EUA, Ron Kirk, realmente quer o acordo.

No entanto, Amorim alertou para que os EUA não tentem alterar a missão original da rodada, que é ajudar os países em desenvolvimento, para novas oportunidades de negócios.

Amorim relembrou como o Brasil e outros países em desenvolvimento, dependentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) durante uma rodada de negociações no início dos anos 1990, tiveram de se sujeitar aos EUA.

"Agora nós emprestamos dinheiro ao FMI, assim como a China, e eu não sei se a Índia está preparada, mas de qualquer forma isso também é parte da recuperação. Esses países precisam de nós para o G20 e eles precisam de nossa cooperação, não é como foi no passado", disse ele.

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