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Pátio da Volkswagen, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba: Brasil tem hoje 24 fábricas automotivas e receberá mais 3 unidades e US$ 11,2 bilhões em investimentos nos próximos dois anos | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Pátio da Volkswagen, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba: Brasil tem hoje 24 fábricas automotivas e receberá mais 3 unidades e US$ 11,2 bilhões em investimentos nos próximos dois anos| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Indústria - País ainda é o 6º colocado em produção

Ser o quarto maior mercado de carros do mundo é um fato a ser comemorado, mas o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, segue aflito. "Somos o quarto maior em vendas, mas estamos em sexto lugar no ranking de produção", lamenta o executivo, que também comanda a Fiat do Brasil.

Ele ressalta que o país tem registrado importações recordes e recuperação lenta das vendas externas. "Vamos exportar cerca de 300 mil unidades a menos do que em 1995", diz Belini. O mesmo estudo que aponta o Brasil como quarto maior mercado neste ano, mantém o país na sexta posição em produção.

Coreia do Sul é 5ª

No primeiro semestre foram fabricados no Brasil 1,75 milhão de veículos. A Coreia do Sul, quinta no ranking, produziu 2,1 milhões e a Alemanha, 3 milhões. Já nos Estados Unidos foram 3,8 milhões, no Japão 4,8 milhões e na China, 8,9 milhões.

Marcelo Cioffi, da PriceWater­houseCoopers, lembra que, num mundo globalizado, a troca de produtos é muito ágil. Países maduros estão com alta ociosidade. Com o câmbio favorável e o alto custo Brasil, inundar o mercado brasileiro com seus produtos é um desejo claro e muitas multinacionais têm procurado ajudar suas matrizes.

Para Cioffi, o desafio são as montadoras instaladas no país investirem em nacionalização de produtos hoje importados. Juntas, as fabricantes têm hoje capacidade instalada para produzir 4,3 milhões de veículos.

Ociosidade

A previsão da Anfavea é de uma produção de 3,4 milhões neste ano. "Temos uma ociosidade de quase 1 milhão de unidades", ressalta Belini.

Cioffi calcula que, em 2011, o país deverá consumir 4 milhões de veículos e chegar aos 5 milhões em 2014. "Até o fim da década o Brasil deverá ser a terceira maior potência em vendas de veículos", prevê o consultor.

São Paulo - O Brasil recuperou, no acumulado dos sete meses do ano, a quarta posição mundial em vendas de veículos. O posto havia sido perdido para a Alemanha ao final do primeiro semestre, depois de três meses na posição. A disputa entre os dois países é acirrada. A diferença de consumo entre brasileiros e alemães até agora é de apenas 23 mil automóveis.

Mesmo que as duas nações cheguem ao fim do ano perto de um empate técnico, analistas do setor automotivo apostam que, a partir de 2011, o Brasil começará a se distanciar da Alemanha. Até o fim da década, deverá ser a terceira potência mundial em vendas, ultrapassando também o Japão.

De janeiro a julho, foram vendidos no Brasil 1,882 milhão de veículos, incluindo caminhões e ônibus. Na Alemanha foram 1,859 milhão. No ano passado, a diferença entre os dois mercados era de 908 mil unidades a mais para os alemães.

O país europeu sentiu mais os efeitos do fim dos subsídios governamentais para a venda de carros neste ano. A medida foi adotada em diferentes proporções por vários governos, inclusive o brasileiro, para amenizar os efeitos da crise financeira mundial entre o fim de 2008 e 2009.

Ranking

Hoje, o ranking mundial de consumo tem a China disparada na frente, com 10,2 milhões de unidades. Em segundo estão os EUA, com 6,6 milhões, e em terceiro o Japão, com 3,1 milhões. Estudo da consultoria internacional Roland Berger aponta que o Brasil chegará ao fim de 2010 como quarto principal mercado de veículos, com diferença aproximada de 400 mil unidades para a Alemanha. Nos sete meses do ano, o país europeu viu suas vendas caírem 27% em relação a igual período de 2009. O Brasil registrou crescimento de 8,5%.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, prefere não comemorar o salto no ranking antes do tempo. "A diferença para a Alemanha é pequena e muita água ainda pode rolar". Para ele, "o importante é que o Brasil é um grande mercado e tem atraído novos investimentos".

As montadoras nacionais anunciaram investimentos de US$ 11,2 bilhões nos próximos dois anos. O montante inclui a construção de três novas fábricas, todas em São Paulo. Uma é a da japonesa Toyota, em Sorocaba; outra da coreana Hyundai, em Piracicaba; e a terceira da chinesa Chery, em Jacareí. O país abriga atualmente 18 montadoras de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, com 24 fábricas em vários estados. No polo automotivo paranaense, quatro marcas são produzidas: Volkswagen, Renault, Nis­­san e Volvo.

Crescimento

Entre os quatro grandes produtores mundiais, o Brasil foi o que cresceu menos neste ano, na comparação com 2009. Belini justifica que Japão e EUA vêm de ba­­ses muito fracas em 2009, pois ambos foram fortemente afetados pela crise de crédito. A China é o país que tem apresentado fôlego maior para crescimento sustentável em todos os setores econômicos, não só no automotivo.

O Brasil, por sua vez, cresce em cima de um mercado recorde no ano passado, resultado que será superado neste ano. O país saltou de vendas de 1,25 milhão de automóveis em 1999, quando era 11.º no ran­king mundial, para um mercado de 3,14 milhões em 2009, quinto lugar na lista.

A Alemanha, no mesmo pe­­ríodo, ficou estagnada. Com 4,1 milhões de unidades vendidas há uma década, era terceira no ranking. Em 2009, caiu para a quarta posição, com 4 milhões de veículos. Este ano deve descer mais um degrau, com vendas inferiores a 3 milhões de car­­ros, segundo a Roland Berger.

Fenômeno China

O fenômeno China pulou de 1,8 milhão de carros vendidos em 1999 (7.º no ranking) e assumiu o topo no ano passado, com 13,6 milhões. Os EUA, lí­­der há dez anos, com 16,9 mi­­lhões de veículos, caiu para o se­­gundo lugar, com 10,6 mi­­lhões. O Japão deixou o segundo lugar, com 5,8 milhões de unidades, e foi para o terceiro, com 4,6 milhões.

"O Japão é um mercado ma­­duro, com indústria consolidada e 1,7 habitante por veículo, o que não permite muito crescimento, pois as vendas basicamente são para reposição", avalia o sócio da consultoria Pri­­ceWaterhouse Coopers, Mar­­celo Cioffi. Já o Bra­­sil, diz ele, tem quase sete habitantes por veículo e grande capacidade de continuar crescendo. O cenário é ajudado pela estabilidade econômica, que gera empregos, renda e crédito farto.

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