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As regiões urbanas do Brasil são o lugar do mundo onde mais leitores de notícias digitais aceitariam pagar por elas. São seis a cada dez leitores online, segundo o "Digital News Report 2014", lançado nesta semana pelo Reuters Institute, da universidade de Oxford, no Reino Unido.

O relatório parte de uma pesquisa feita em dez países. Em todos eles, dispositivos móveis ganham popularidade entre os jovens como meio para ler notícias, embora meios tradicionais, como o jornal e a TV, permaneçam populares.

As redes sociais, onde usuários de todas as idades passam boa parte do seu tempo online, aparecem como um forte canal para a descoberta de notícias, dando origem até a novas formas de apresentação de informações.

No Brasil, mostra o relatório, o homem cordial se digitalizou. Os leitores brasileiros gostam mais de compartilhar o que leem e dão mais peso à marca da publicação e à autoria de um texto do que os leitores de outros países.

Esse peso se manifesta na polarização gerada por alguns colunistas e blogueiros, lidos com voracidade tanto por adoradores quanto por detratores. O Brasil tem, segundo a pesquisa, o menor índice de leitores que preferem pluralidade de pontos de vista a opiniões individuais.

"Pode haver riscos reais à compreensão pública com o crescimento de notícias subjetivas ou militantes, sem um lastro de informação objetiva", escreve o professor Richard Sambrook no artigo que acompanha os resultados.

Isso não significa que os jornais perderam público. Quase três a cada quatro brasileiros tiveram acesso a notícias publicadas por jornais, seja na versão online ou na versão impressa.

Na semana anterior à aplicação do questionário, quase tantos brasileiros tiveram acesso a notícias em redes sociais (54%) quanto em meios tradicionais (55%). É o maior índice de leitura em redes sociais entre os dez países.

Com a popularidade das redes sociais como meio de encontrar notícias --46% dos leitores dizem fazê-lo assim--, quase um a cada cinco leitores de notícias online no país diz preferir fazê-lo no celular.

Os brasileiros entrevistados pelo Reuters Institute têm uma pauta variada de leitura. Afirmaram gostar de ler sobre o país (66%), saúde (57%) e sua cidade (47%), e tiveram o segundo maior índice de preferência por notícias de celebridades (22%), atrás apenas do Japão.

Paywall

O Brasil urbano concentra o maior potencial de crescimento do público de notícias pagas. Segundo o relatório, 65% dos leitores que já pagaram por conteúdo têm assinaturas, e dentre os leitores que não têm assinatura 61% dizem que estariam dispostos a pagar um dia.

A menor proporção está no Reino Unido, onde apenas 7% aceitariam pagar por notícias. O maior provedor de notícias online no país é o site da rede de TV BBC. A emissora, pública, já cobra de todos os domicílios uma taxa anual por aparelho de TV disponível em casa.

O relatório cita que os três maiores jornais brasileiros --Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S.Paulo-- já investiram em estratégias de cobrança de conteúdo.

Primeiro jornal brasileiro a erguer um paywall (muro de pagamento) poroso para o conteúdo digital, em junho de 2012, a Folha de S.Paulo lidera o ranking nacional nessa categoria. Mais de um terço dos assinantes do jornal pagam pelo conteúdo digital, conforme destaca o relatório.

"Acolher o digital é claramente o futuro, mas as marcas jornalísticas não podem se dar ao luxo de deixar para trás grupos [do público] que ainda têm forte influência e trazem a maior parte da receita", escrevem na introdução os autores do relatório, Nic Newman e David A.L.Levy.

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