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De todas as novidades tecnológicas que o Brasil aguarda para 2006, talvez a que mais chame a atenção é a implantação da tevê digital. Não que o sistema não exista no país: Sky e DirecTV são duas operadoras de tevê por assinatura que operam em sistema digital há tempos. O que vem por aí, entretanto, é a migração dos canais nacionais de tevê aberta, analógicos, para esse novo tipo de transmissão, que permitirá muito mais qualidade de áudio e imagem, além de maior interatividade com o espectador.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, definiu há três semanas a data para o início da operação comercial do sistema: 7 de setembro. De acordo com Costa, as seis principais redes de televisão brasileiras (Globo, SBT, Band, Record, CNT e Rede TV) já se comprometeram a participar da implantação. Durante a Copa do Mundo, em julho, serão feitos os primeiros testes na cidade de São Paulo. Como a transmissão digital só é recebida por aparelhos de tevê mais novos, preparados para a alta definição (HDTV), o governo prevê também para setembro o começo das vendas de conversores do sistema analógico para o digital. Esses terminais deverão custar entre R$ 60 e R$ 400 – mais baratos, portanto, que um televisor de última geração.

A tevê digital brasileira não vem desacompanhada de polêmica. A primeira é em torno da definição do padrão (europeu, norte-americano, japonês ou mesmo o brasileiro), marcada para 10 de fevereiro. Tudo indica que o sistema japonês, "com algumas adaptações", será o adotado em terras tupiniquins.

De um lado, empresários do setor não vêem muito sentido na implantação de um padrão nacional. A equipe de Hélio Costa, entretanto, chegou a abandonar por meses a fio qualquer possibilidade de "importar" um padrão – e incentivou a criação do sistema brasileiro em universidades e centros de pesquisa. "Estamos preocupados com a possibilidade de o governo tomar uma decisão sem ouvir a indústria, e que tome a decisão errada. Não sabemos que modelo brasileiro é esse", reclama Paulo Saab, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). "A meu ver, o Brasil caminha para o lado errado, como já fez com a implantação da tevê em cores na década de 70", preocupa-se Marco Aurélio Rodrigues, presidente da Qualcomm do Brasil.

Grande parte das preocupações empresariais se dissipou na Futurecom 2005, maior evento de telecomunicações da América Latina, ocorrido em outubro em Florianópolis. Ali, Hélio Costa pareceu abandonar o discurso nacional-desenvolvimentista que assustava executivos de multinacionais (que temiam uma espécie de reserva de mercado no setor) e passou a defender um aprimoramento da atual Lei Geral das Telecomunicações – que também trata da radiodifusão. "O que o ministro disse foi extremamente pertinente para este momento e está alinhado com aprimoramentos que o modelo regulatório precisa", afirmou Fernando Xavier, presidente da Telefônica.

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