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Brasília - Os países que integram o Bric – Brasil, Rússia, Índia e China – pretendem desenvolver alternativas ao uso do dólar como moeda comercial. O tema foi largamente discutido durante reunião realizada neste fim de semana em Moscou, entre responsáveis pela área de assuntos estratégicos e conselheiros de segurança dos países que formam o grupo. O Brasil foi representado pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Roberto Mangabeira Unger.

Segundo o ministro, há grandes preocupações com o futuro do dólar entre os países integrantes do Bric. "A primeira está relacionada ao temor dos países com as grandes reservas em dólar. Eles correm o risco de ter desvalorizadas suas reservas a partir de uma eventual queda abrupta ou substancial da moeda norte americana", disse o ministro nesta segunda-feira(1º), durante entrevista coletiva em seu gabinete.

Para Mangabeira Unger, os países do grupo estão convictos de que o mundo sofre com os efeitos de subidas e descidas econômicas na maior economia do planeta. "Todos sabemos que esses efeitos podem acabar agravados em muitos países, em decorrência dos problemas monetários de um único país. Isso representa risco para essas economias."

A segunda grande preocupação dos países do Bric em relação ao dólar é que a moeda não seja substituída por uma burocracia monetária internacional, como um "banco central europeu global", com poderes discricionários muito grandes.

"Há outras soluções que foram discutidas, como uma cesta de moedas reservas que valorize as moedas nacionais, ou a criação de uma 'quase-moeda', com direitos especiais de saques desenhados da forma mais simples e mecânica possível", informou o ministro. "Mas é importante minimizarmos os poderes discricionários dos que administrariam esse grande sistema", completou.

Mangabeira manifestou expectativa de que esse debate não agrave a volatilidade já existente em decorrência do momento de crise.

"As grandes mudanças não ocorrem sem crise. O problema é que, quando há crise, costuma-se dizer que o momento é perigoso para fazer mudanças. Por esse raciocínio, as mudanças não poderiam ocorrer nunca, com ou sem crise. No entanto, mudanças ocorrem no mundo, e esse assunto precisa ser encarado", argumentou Mangabeira Unger.

De acordo com o ministro, Brasil e China vêm operando, há duas semanas, um sistema inovador em matéria de compensações das transações comerciais, permitindo que cada parte receba os pagamentos em sua moeda local. "Os dois bancos centrais têm feito operações noturnas em caráter especial. Esse sistema de transações não passa pelo dólar".

A expectativa dos dois países é, por enquanto, apenas de ganhar experiência com o novo sistema. "Mas resolver problemas de denominação monetária das transações comerciais não é a mesma coisa que abordar o problema da moeda reserva do mundo", ponderou.

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