Uma disputa de gigantes no mercado brasileiro _ a mexicana Telmex, dona da Claro, e a espanhola Telefônica, que controla 50% da Vivo _ está impedindo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de julgar os reflexos de um negócio bilionário entre duas grandes empresas européias no tabuleiro da telefonia doméstica.

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Foi retirado da pauta do órgão regulador em agosto, devido a uma liminar obtida na Justiça pela Claro, a análise da venda, em abril, da Olimpia, controladora da Telecom Italia, para o consórcio Telco, liderado pela Telefônica. A operadora italiana detém a celular TIM no Brasil.

A operação é estimada em 4,1 bilhões de euros e preocupa a Claro, pois TIM e Vivo, juntas, representam 54% da telefonia móvel nacional.

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A disputa entre as três operadoras têm sido acirrada pela liderança do mercado brasileiro, que tem mais de 100 milhões de celulares e apresenta o maior potencial de expansão de receitas, já que é declinante o número de linhas fixas habilitadas.

A Anatel precisa avaliar os termos do negócio no exterior para saber se ele infringirá a legislação brasileira do setor, que proíbe, por exemplo, a sobreposição de licenças de atuação.

A Claro entrou na 15ª Vara da Justiça no Distrito Federal e conseguiu uma liminar que impede a Anatel de julgar o negócio. A empresa queria ser parte no processo e ter vistas dos autos, alegando que haverá impacto na competição no mercado de telefonia móvel.

A Anatel recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF) para tentar reverter a decisão. Para a agência, a Claro não tem direito de ver os documentos, porque seu interesse seria somente econômico. Além disso, a Anatel considerou que existem papéis confidenciais que não poderiam ser vistos por empresas concorrentes.

O desembargador federal João Batista Moreira não aceitou os argumentos da Anatel sobre a necessidade de sigilo dos documentos. A Anatel entrou então com o recurso de embargo de declaração, mas ele foi negado pelo desembargador por não ser apropriado ao tipo de decisão.

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No último dia 30, o desembargador decidiu então devolver o processo ao juiz da 15a Vara para que ele decida se o processo na Anatel deve ser sigiloso.

O novo consórcio entre a Telefónica e as empresas italianas terá 23,6% da Telecom Italia. Pelo acordo, a Telefônica teria 42,3% do total das ações, enquanto a seguradora Generalli ficaria com 28,1%, a Mediobanca e a Intesa SanPaolo com 10,7% cada e a holding Sintonia com 8,2%. Ele permitiria ainda que a Telefónica participe do conselho de administração da Telecom Italia com dois conselheiros, número proporcional à sua participação de 10% na empresa italiana. Mas as duas companhias deverão continuar sendo administradas independentemente.

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