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Cafés especiais correspondem a 5% do consumo nacional. | Antônio More/Gazeta do Povo
Cafés especiais correspondem a 5% do consumo nacional.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Em um leilão realizado no mês passado, com compradores de diferentes regiões do mundo dispostos a desembolsar pequenas fortunas para comprar grãos de café de alta qualidade, o cafeicultor Antonio Rigno de Oliveira, da região da Chapada Diamantina (BA), vendeu parte da sua produção – 18 sacas de 60 quilos – ao preço de R$ 9.717 por saca. O valor é quase 20 vezes a cotação do café tradicional (arábica), cultivado em larga escala no Brasil: R$ 505 a saca. Esse abismo entre os preços reflete o crescente interesse de consumidores por uma bebida mais fina, os chamados cafés especiais (gourmet, certificados e orgânicos) produzidos no país e que começam a ganhar destaque na indústria mundial de café.

Dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês) mostram que a produção desses grãos especiais chegou a 5 milhões de sacas em 2015, das quais 80% são destinados à exportação. As vendas ao exterior de cafés especiais representaram 32,7% do total de receitas das vendas externas de café brasileiro, embora, em quantidade, os grãos especiais respondam por 24,8% do volume. Para 2016, a expectativa é de que a produção chegue a 6 milhões de sacas.

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Os Estados Unidos passaram a ser nosso maior comprador de café especial. Trata-se do mercado em que mais se consome café no mundo”, diz a diretora-executiva da BSCA, Vanusia Nogueira. Ela avalia que, em breve, o Brasil será mundialmente reconhecido como parte do grupo de países produtores de alta qualidade, como Guatemala, Colômbia, Nicarágua, Quênia e Ruanda. “Sempre tivemos esse café, mas fizemos diferente da Colômbia, que desde os anos 70 promovia a qualidade e não a quantidade”. Com a maior qualidade, a diferença de preço é evidente. O retorno é cerca de 30% superior ao do café tradicional – para lotes especiais, o valor é ainda maior.

Redes como a americana Starbucks e marcas como Nespresso e a italiana Illy também são consumidoras de parte da produção dos grãos especiais do Brasil. Mas a demanda por um café de maior qualidade não é só externa. No mercado interno, o consumo também cresce. Apenas 5% do café consumido no Brasil é dessa categoria especial, mas o avanço é de mais de 10% ao ano, bem acima da expansão de 3% do consumo dos cafés tradicionais. É para atender esse público que produtores e torradores de café buscam os melhores grãos, como é o caso do Coffee Lab, de São Paulo. O estabelecimento reúne, em um só local, uma torrefação, uma cafeteria e uma escola destinada à formação de baristas (profissionais e amadores). “O interesse é crescente e, por isso, triplicamos o tamanho da escola”, afirma a fundadora da empresa, Isabela Raposeiras.

NOVO RECORDE

A Organização Internacional de Café (OIC) avalia que a safra 2016/17 no Brasil ficará entre 49,1 milhões e 51,9 milhões de sacas, novo recorde. O país continuará a ser o maior produtor mundial mesmo com a guinada em direção ao café especial, que às vezes exige áreas de plantio menores.

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