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Grupo Silvio Santos é formado por 34 empresas. Veja quais são elas |
Grupo Silvio Santos é formado por 34 empresas. Veja quais são elas| Foto:

Silvio Santos oferece SBT e Baú como garantia

O empresário Silvio Santos deu como garantia para obter empréstimo praticamente todo seu patrimônio empresarial. Para conseguir os R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), entraram várias empresas subordinadas à holding SS Participações, entre elas o SBT, sua participação no banco PanAmericano, a Jequiti, a Liderança Capitalização e o Baú da Felicidade. O valor contábil de todas as empresas é de R$ 2,7 bilhões.

O empréstimo foi feito para salvar o PanAmericano, após fraude que causou prejuízo de R$ 2,5 bilhões. Segundo o presidente do conselho do FGC, Gabriel Jorge Ferreira, o empresário Silvio Santos se dispôs a vender todas essas empresas se for preciso para saldar o empréstimo. "Nunca vi um empresário fazer isso. Se colocar nessa situação", afirmou Ferreira.

Fundo

O FGC foi criado em 1995 para ressarcir os depositantes em caso de quebra de bancos. Em 2005, o fundo passou também a comprar carteiras de instituições com problemas de liquidez, papel que, depois, assumiu durante a crise de 2008. O socorro, por meio de empréstimo, é inédito na história do FGC. Ferreira justificou a operação afirmando que, se o fundo tivesse de bancar os compromissos dos depositantes, teria um desembolso de R$ 2,3 bilhões.

Segundo Ferreira, se não emprestasse o dinheiro, o banco sofreria intervenção e posterior liquidação. Nesse caso, teria de cobrir R$ 2,3 bilhões para os segurados. Com a operação, além de manter o banco funcionando, o FGC tem agora um ativo de R$ 2,5 bilhões que serão pagos corrigidos pela inflação.

Silvio Santos conseguiu o megaempréstimo porque deu como garantia exatamente os mesmos ativos que poderiam ficar indisponíveis caso o PanAmericano fechasse as portas. "O fato de o empresário ter recurso e bens foi fundamental para que a operação [de empréstimo] pudesse ter sido feita", disse Alvir Hoffman, do BC.

PanAmericano maquiou vendas

A fraude sofrida pelo Banco Pan­Americano foi gerada pela ma­­­quiagem de dados envolvendo a venda de operações de crédito da financeira do empresário Silvio Santos para grandes bancos de varejo. O Banco Central informou que vê indícios para que a investigação entre na esfera criminal. Por enquanto, ela está sendo tratada administrativamente.

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A Caixa Econômica Federal informou em nota que as contas do Banco PanAmericano foram aprovadas após auditoria realizada por ela e por outros consultores que participaram do processo de aquisição da instituição. Em dezembro de 2009, a Caixa comprou 49% do controle e 36,56% do total das ações do PanAmericano, por R$ 739,2 milhões.

Criticado por ter demorado em encontrar o rombo de R$ 2,5 bi­­lhões, o Banco Central também jo­­gou a responsabilidade nas empresas de auditoria. O BC argumentou que sua função é analisar balanços, não conferir se foram adulterados. A auditoria interna era feita pela Delloite.

Aquisição

Segundo a Caixa, o Banco Fator foi contratado para prestação de serviços de consultoria especializada na aquisição, no ano passado. Este, por sua vez, contratou a KPMG para o trabalho de análise das contas do PanAmericano. Posterior­­mente, a Caixa contratou a BDO Consultores para emissão de uma segunda opinião.

O banco estatal diz ainda que a aquisição somente foi finalizada após a manifestação favorável do Banco Central, em julho de 2010. O BC diz que, na época, ainda não sabia do problema.

A Caixa informou também que o aporte de recursos realizado pelo Grupo Silvio Santos permitiu que não houvesse qualquer tipo de prejuízo aos "sócios, clientes e colaboradores do banco".

"A Caixa Econômica Federal reafirma a importância estratégica desta parceria, a qual proporcionará a ampliação da sua base de clientes, em razão da capacidade de relacionamento do Banco PanAmericano com seus mais de 20 mil canais de venda e suas 200 lojas próprias", diz a nota.

A KPMG também divulgou nota, dizendo que não atuou e não atua como auditor independente das demonstrações financeiras do Banco PanAmericano e que foi contratada para executar certos procedimentos pré-acordados de diligência em dados fornecidos pela instituição bancária.

Explicações

O Senado aprovou ontem convite para que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e a presidente da Caixa, Maria Fer­­nanda Ramos Coelho, prestem esclarecimentos à Casa sobre a crise do PanAmericano. Os dois foram convidados a prestar depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na próxima quarta-feira para explicar a injeção de capital que vai cobrir um rombo de R$ 2,5 bilhões no banco.

Autor do convite, o senador An­­tônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) disse que a Casa tem co­­mo "urgência" discutir a injeção de recursos no banco recém-adquirido pela Caixa. "Por que esse rombo não foi detectado antes? Quere­­mos saber se a Caixa, quando avaliou, não detectou esses problemas."

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a presidente da CEF precisa explicar por que adotou a iniciativa de se associar a um banco em dificuldades. "A Caixa adquiriu ações do PanAmericano numa operação iniciada em 2009, mas só aprovada pelo Banco Central este ano e que valorizou o banco em R$ 2,1 bilhões", argumentou.

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