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Temperatura alta ajuda o comércio de bebidas: José Taborda de Castro triplicou a venda de caldo de cana nos últimos dias | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo
Temperatura alta ajuda o comércio de bebidas: José Taborda de Castro triplicou a venda de caldo de cana nos últimos dias| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo

Termelétricas

Acionamento evidencia problema em linhas de Itaipu

Um dos motivos que levaram o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a ordenar a ativação de termelétricas pelo país teria sido a necessidade de compensar a redução na capacidade do sistema de transmissão de Itaipu, que passa por reparos após o apagão de novembro do ano passado. As usinas térmicas devem funcionar até abril, quando o sistema de transmissão de Itaipu estará pronto para operar a plena carga.

Na avaliação dos especialistas da UFRJ Luiz Pinguelli Rosa, da Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), e Adilson de Oliveira, o aumento do consumo de energia revela uma grave falha na manutenção das linhas de transmissão de Itaipu, o que obriga atualmente o ONS a reduzir a geração da usina para evitar sobrecarga do sistema.

Para Oliveira, não há, do ponto vista de suprimento de energia, necessidade de ligar usinas termelétricas, já que os reservatórios estão tão cheios a ponto de verter água. "A decisão do ONS foi prudente para evitar o risco de sobrecarga, mas me surpreende. Mostra uma falha grave nas linhas de transmissão que já deveria ter sido detectada e corrigida antes", afirma. Pinguelli Rosa faz a mesma avaliação: "Foi feita uma economia porca na manutenção das linhas. É muito mais caro ligar as térmicas do que substituir esses equipamentos."

UEG Araucária

A Petrobras não confirmou se a termelétrica UEG Araucária, situada na região metropolitana de Curitiba, entrará em operação no novo esquema de produção. A usina permaneceu ociosa nos últimos dias. No entanto, ela normalmente é uma das últimas a serem acionadas devido à fartura de hidrelétricas da região, em especial as de Iguaçu, que trazem energia direto para o centro de carga. "Para organizar o despacho de energia elétrica vinda das termelétricas, normalmente as decisões do ONS são baseadas no custo", explica a gerente do centro de operação do sistema elétrico da Copel, Ana Rita Xavier Haj Mussi. (AL, com Folhapress)

  • No Paraná, o consumo da última terça-feira foi o mais alto já registrado

A onda de calor por que passam as regiões Sul e Sudeste do Brasil fez com que o país registrasse picos de consumo energético que quebraram, por três dias consecutivos, recordes históricos. Com isso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) determinou o acionamento de diversas usinas termelétricas a gás e a redução da energia gerada por Itaipu, a fim de evitar uma nova sobrecarga do sistema, como a que causou o blecaute de novembro passado. A carga de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) bateu em 70,2 gigawatts (GW) às 14h58 de ontem, segundo informações do diretor-geral do ONS, Hermes Chipp. O pico reflete um aumento de 30% sobre a média de consumo em 2009. No Paraná, o último recorde confirmado pela Copel é das 14h45 da última terça-feira, com consumo instantâneo de 4,4 GW – mas há possibilidade de que ontem esse valor tenha sido novamente quebrado, uma vez que o estado está acompanhando as variações nacionais.

Causas

Segundo Chipp, as temperaturas máximas neste verão estão 3 graus acima do que no ano passado, o que provoca o maior uso de equipamentos de ar condicionado e ventiladores. Acima dos 34ºC, explica o diretor do ONS, o uso desses eletrodomésticos "cresce exponencialmente". Além disso, a indústria reage no pós-crise e recupera rapidamente a produção. "O consumo industrial de energia viveu um janeiro atípico. Cresceu muito para um mês de férias", disse. As perspectivas são de que o consumo se manterá em alta enquanto durar o calor, mas analistas e executivos do setor energético afastam riscos de racionamento. A tranquilidade é explicada pelo alto nível de água nos reservatórios das hidrelétricas, em virtude das chuvas fortes ocorridas desde o início do ano. Mesmo com a aparente tranquilidade, em função dos picos na demanda, as termelétricas a gás foram acionadas para dar mais segurança à rede nacional – juntas, elas devem oferecer 3,2 GW extras ao sistema elétrico brasileiro. Para gerar esse volume de energia, a diretora da Petrobras Maria das Graças Foster afirma que são necessários 17 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Nesse ritmo, a geração térmica custa ao consumidor cerca de R$ 5 milhões por semana.

Para o professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP José Goldemberg, ligar termelétricas em época de reservatórios cheios não é motivo para alarde. "Esta é uma decisão estritamente técnica", diz. Ainda que o custo da energia das termelétricas seja maior, Goldemberg afirma que elas servem de suporte importante para o sistema nacional.

Copel

No Paraná, a Copel afirma que os picos de energia estão dentro do que a estrutura do estado comporta. A gerente do centro de operação do sistema elétrico da estatal, Ana Rita Xavier Haj Mussi, confirma que um aumento desse calibre na demanda de energia faz as distribuidoras trabalharem próximas do teto, mas a manutenção das linhas está sob controle. "Hoje temos tranquilidade tanto em relação às fontes de energia, por causa dos reservatórios, quanto às linhas de transmissão", disse.

Apesar de o crescimento do consumo de energia estar diretamente relacionado ao calor intenso, Ana Rita afirma que a demanda não se resume ao usuário doméstico. "O calor aumenta as necessidades de refrigeração da indústria, de escritórios, do comércio e de atividades específicas que encontram melhor produtividade com um controle mais fino da temperatura ambiente", explica.

Ela cita um exemplo de Foz do Iguaçu, que passou a consumir mais energia em 2009 em função de investimentos em granjas. "No ano passado começamos a perceber a entrada de uma carga de energia que até então era desconhecida. Quando fomos investigar, constatamos as granjas mais equipadas, com resfriação controlada."

Ventiladores e bebidas têm alta na demandaO aumento do consumo de energia foi apenas uma faceta do impacto provocado pela onda de calor no mercado. A procura por produtos para se refrescar também cresceu bastante nos últimos dias, de acordo com levantamento informal feito pela Gazeta do Povo.

Numa unidade da Lojas Colombo em Curitiba as vendas de ventiladores aumentaram cerca de 20% em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado. A procura por aparelhos de ar condicionado subiu 40%. O número é ainda mais impressionante se contabilizados apenas os últimos três dias – uma alta de 400%.

A loja Tropical Banana, que comercializa sucos e smoothies (sorvete de iogurte e frutas), também viu um aumento nas vendas em janeiro, de 20% em relação ao mesmo mês do ano passado. A gerente de marketing da loja, Tatiana Marussing, conta que o sucesso nas vendas está diretamente relacionado à condição do tempo, e por isso ela espera um fevereiro ainda melhor do que o mês anterior, caso a temperatura desses primeiros dias se mantenha pelo resto do mês.

Outro que se beneficiou do calor foi o vendedor de calda de cana José Taborda de Castro, que atua na Rua Monsenhor Celso, no Centro da capital. Ele diz que nos últimos dias as vendas triplicaram em relação à média diária. "O vendedor de rua de­­pende do tempo. Se chover a gente não vende porque ninguém vai sair para comprar", constata.

Água

O grupo Extra espera um crescimento de 15% na comercialização de águas em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2009. Novidades em cervejas, como a linha de Barril 5 litros da Itaipava, a Oaken Bohemia e a exclusiva Itaipava de 250 ml, fazem com que o a rede também projete os resultados de janeiro e fevereiro 30% acima do obtido no mesmo período de 2009 para esse tipo de bebida. Em relação aos sucos e isotônicos, a venda deve registrar um crescimento em torno de 10%.

Colaborou Carla Bueno Comarella

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