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Fábrica da Embraer em São José dos Campos (SP): exportação de aeronaves foi bastante afetada pela demanda em queda; agora é a vez do real valorizado atrapalhar | Arquivo
Fábrica da Embraer em São José dos Campos (SP): exportação de aeronaves foi bastante afetada pela demanda em queda; agora é a vez do real valorizado atrapalhar| Foto: Arquivo

Investimento externo puxa alta do fluxo cambial

Agência Estado

Brasília - Os investimentos estrangeiros diretos (IED) na economia brasileira somaram US$ 2,75 bilhões em maio, informou ontem o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Outros US$ 2,5 bilhões, segundo ele, ingressaram no país para aplicações na bolsa. Esses investimentos contribuíram para que o fluxo líquido de dólares para o Brasil atingisse US$ 3,13 bilhões no mês passado, um aumento de 119% na comparação com abril. Foi o melhor resultado desde abril de 2008, antes do agravamento da crise, em setembro passado, de acordo com informações do BC.

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Rio de Janeiro - O efeito da valorização cambial sobre a balança comercial pode ser menos intenso do que se previa. Ainda que o câmbio afete negativamente as exportações de produtos manufaturados, as importações ainda sofrem com o cenário de retração da demanda interna. Assim, o saldo dessas duas forças deve ser um superávit comercial ao redor de US$ 20 bilhões, segundo especialistas.

O câmbio até pode pesar mais na definição do saldo comercial deste ano do que o conjunto de outros fatores, dentre eles a demanda menor e os elevados preços de commodities negociadas em bolsa. O vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, avalia que o saldo comercial deste ano, estimado em dezembro pela entidade em US$ 17 bilhões, possivelmente vai aumentar quando for feita a revisão das projeções pela entidade, prevista para o mês que vem.

A ampliação do saldo projetado pela AEB não viria de um aumento das exportações, que devem ter sua previsão de US$ 163 bilhões mantida ou diminuída. O fator principal para a revisão para cima do saldo seria o recuo ainda maior das importações, estimadas em dezembro em US$ 146 bilhões para o ano. Segundo Castro, o ritmo de queda das compras do exterior neste ano já está mais forte do que se previa em dezembro.

"Neste momento, as commodities negociadas em bolsa estão nas alturas porque estão sendo negociadas como ativos financeiros. Claramente não é demanda, é especulação", disse Castro. Nas importações, a alta do preço do petróleo contribui para aumentar o volume importado do produto e seus derivados.

As importações de matérias-primas e bens intermediários, usadas para a produção industrial, caíram 40,9% em maio na comparação com maio de 2008, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-presidente do Banco Central, Carlos Langoni, por sua vez, louva o câmbio flutuante, que no início da crise, fez o dólar subir a R$ 2,50 e "evitou uma deterioração exagerada do saldo comercial". A queda das exportações, na época, só não foi maior porque o câmbio ajudou, frisa. Agora, com commodities em alta e a tendência de recuperação da economia mundial no segundo semestre, "o câmbio está procurando um patamar de equilíbrio, entre R$ 1,80 e R$ 2".

Langoni prevê um saldo comercial "um pouco acima de US$ 20 bilhões – o que é um resultado extraordinário para uma crise externa –, com queda média de exportações de 20% em relação ao ano passado e de importações em torno de 25%". O fato de as importações caírem mais que as exportações é importante para o saldo.

A sócia-diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), Sandra Rios, acha que o cenário para o comércio exterior este ano ainda não está definido. "Ainda não está claro se a recuperação dos preços de commodities vai se manter ou se é só uma onda", diz. Para ela, o cenário para exportações "vai depender mais da demanda do que o que vai acontecer com o câmbio".

Ela considera também que não está claro se a China vai redirecionar mais a sua produção para o seu mercado interno ou se continuará investindo no comércio exterior. Se a opção chinesa for a segunda, isso aumentará a concorrência dos produtos brasileiros no mercado brasileiro e nos demais mercados.

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