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Terminal de Contêineres de Paranaguá: exportações tiveram alta de 57% quando contabilizadas em real. | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Terminal de Contêineres de Paranaguá: exportações tiveram alta de 57% quando contabilizadas em real.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Após amargar uma queda próxima dos 20% nos embarques ao exterior no primeiro bimestre do ano passado, a balança comercial do Paraná indicou uma retomada no mesmo período de 2016.

Em comparação com 2015, as exportações tiveram alta de 7% nas vendas em dólar. Quando contabilizados em real, porém, os resultados apresentaram um salto de 57%, consequência do câmbio favorável para o comércio exterior, que quase dobrou neste período.

INFOGRÁFICO: Veja o desempenho das exportações, ano a ano

A melhora nas exportações foi impulsionada pela agroindústria e pelas commodities. Já os produtos manufaturados, que têm maior valor agregado, perderam espaço na balança, não esboçando a mesma reação. A participação dos industrializados foi de 48,6% no bimestre, contra 50,7% dos básicos, o pior resultado para a indústria nos últimos cinco anos.

A carne de frango, a soja e o milho foram as mercadorias que mais pesaram para o saldo positivo, seguidos pelos carros e pelos caminhões. Madeira, farelo de soja, papel, açúcar e café também tiveram participação importante nos resultados.

Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) Roberto Zucher, a alta nos embarques de frango e de soja se devem em grande parte ao aumento da demanda por carne branca no mundo e aos bons resultados da safra de soja. “Houve uma boa produção agrícola no início do ano, que foi favorecida pelo câmbio”, conta ele.

Setor automotivo

Apesar do mau momento da indústria, o setor automotivo foi na contramão e deu indícios de recuperação. De janeiro a fevereiro deste ano, o segmento exportou o equivalente a US$ 145,376 bilhões de automóveis e caminhões, alta de cerca de 47% em comparação com o mesmo período do ano passado, mas ainda abaixo dos embarques de anos anteriores. Para o economista da Fiep Roberto Zurcher, o segmento se beneficiou dos acordos bilaterais do Brasil, principalmente da América Latina. A melhora da coincide com a alta das vendas à Argentina – de US$ 129,816 bilhões em 2015 para US$ 165,772 bilhões neste ano.

Entre os meses de janeiro e fevereiro, as vendas foram de US$ 1,874 bilhão ante US$ 1,757 bilhão em 2015. Por outro lado, quando convertidos em real, os embarques tiveram um salto de R$ 7,516 bilhões em 2016, contra R$ 4,782 bilhões no ano anterior. No acumulado de 2015, o dólar manteve uma média de R$ 2,72, enquanto que, neste ano, ela foi de R$ 4,01.

Indústria

Zurcher afirma que a demora para a recuperação da indústria, mesmo com o cenário cambial favorável, decorre dos contratos de longo prazo do setor e aos altos custos de produção. “O câmbio é apenas um dos fatores que favorecem a competitividade, mas não é o único. O custo para produção está maior, a carga tributária é grande e a infraestrutura é deficiente”, aponta.

Para o economista, outra vantagem de alguns dos setores que mais venderam no período, como a madeira, o papel e a celulose, é o fato de os insumos serem nacionais, o que os livra dos altos preços para a importação, tornando-os mais competitivos no exterior.

Produtos básicos: 34%

A participação dos produtos básicos no fator agregado do Paraná teve um aumento de 34% no primeiro bimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2015, conforme levantamento da Fiep. Entretanto, a maior presença das mercadorias com menor valor agregado na balança é percebido desde 2006. A federação aponta que em nove anos o peso dos manufaturados e semifaturados caiu de 68,9% para 47,5%. Já os básicos foram de 29,3% para 51,31%. “Enquanto os outros países incentivam o desenvolvimento tecnológico, nós passamos por um período de desindustrialização e perdemos espaço no mercado externo”, diz o economista da Fiep Roberto Zurcher.

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