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Caminhoneiros de todo o Brasil planejam uma paralisação a partir da zero hora desta quarta-feira (25) - dia de São Cristóvão, o padroeiro da categoria - em protesto contra as recentes mudanças regulatórias do setor. O Movimento União Brasil Caminhoneiro (Mubc) promete que os trabalhadores vão cruzar os braços até que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) envie uma resposta sobre a sua pauta de reivindicações.

Entre as reclamações do movimento está a instituição do controle da jornada de trabalho, por meio da Lei 12.619. Ela determina que todo caminhoneiro cumpra intervalo de 11 horas de descanso ininterrupto a cada 24 horas - medida que busca inibir jornadas longas ao volante e reduzir o número de acidentes nas estradas. "Nas longas distâncias, por exemplo, como é que se vai cumprir um tempo de descanso diário de 11 horas, sob pena de o próprio motorista ser multado pela Polícia Rodoviária?", questionou Nélio Botelho, presidente do movimento.

A categoria reclama que alterações feitas pela Agência modificando o mercado de fretes propiciou a inclusão de novos transportadores, o que teria provocado "uma absurda concorrência desleal e ilegal e que ocasionou os fretes extremamente defasados, abaixo dos custos operacionais, e conduziu o setor a uma dependência e domínio de grandes embarcadores". Os manifestantes querem que as normas sejam revogadas e que outras sejam elaboradas com a sua participação.

Outra reivindicação do setor é a mudança nas regras do Cartão-Frete - forma de pagamento por meio da qual os trabalhadores podem consumir produtos apenas em pontos de comercialização onde ela é aceita. Na avaliação do movimento, as normas, além de impedir que eles recebam em dinheiro, contribuem para o aumento no preço de produtos como óleo diesel e autopeças.

Botelho passou a última semana em viagens pelo Brasil para mobilizar a categoria. Segundo ele, há uma integração entre motoristas, transportadoras e cooperativas para parar o transporte rodoviário de cargas no país. A orientação para os profissionais é que eles só encerrem a manifestação após um posicionamento da ANTT sobre a pauta de reivindicações. Na avaliação de Botelho, a sociedade não suportaria dois dias de greve dos caminhoneiros, responsáveis por 60% dos volumes escoados pelas estradas do país.

Apesar do alarde, o movimento divide a categoria. Erivaldo Adami, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Urbanos de Divinópolis, em Minas Gerais, afirmou que toda a mobilização foi feita por autônomos e empresas que não querem cumprir a nova legislação.

"Para os trabalhadores com carteira assinada, as mudanças são ótimas e garantem qualidade de vida. Muitos autônomos, no entanto, estão preocupados com lucro e querem estar liberados para trabalhar o tempo inteiro", ponderou.

Para Adami, no entanto, como os autônomos respondem por cerca de 50% do total de 2 milhões de caminhoneiros em atividade no país, eles podem pressionar o restante da categoria a cruzar os braços. "Se eles pararem uma rodovia, os outros não poderão passar". Procurada, a ANTT disse que ainda está em negociação com a categoria e que não comentaria o movimento.

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