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Bolsa de valores fechou em queda, após semana de euforia | AFP
Bolsa de valores fechou em queda, após semana de euforia| Foto: AFP

No último dia de negociações antes do primeiro turno, o mercado financeiro trocou a euforia pela cautela, com o Ibovespa fechando em queda. Na semana, no entanto, a Bolsa acumulou alta de 3,75%, influenciada por um sentimento de que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) pode vencer as eleições presidenciais ainda no primeiro turno. Já o dólar recuou e encerrou no menor patamar desde 9 de agosto, quando a corrida deleitoral começava a se desenhar.

A Bolsa brasileira cedeu 0,76%, a 82.321 pontos, no pregão de hoje, mas manteve ganho de 3,75% na semana. O desempenho foi puxado pelas ações de estatais, que se beneficiariam, na visão de analistas do mercado financeiro, de uma vitória de Jair Bolsonaro (PSL). O capitão reformado do Exército lidera as pesquisas de intenção de voto e voltou a crescer na preferência dos eleitores na última semana.

Desde a segunda-feira, o mercado financeiro passou a especular com a possibilidade de a disputa eleitoral se encerrar ainda no primeiro turno, apesar das principais casas de investimento apontarem chances pequenas de que isso ocorra, na casa dos 10%.

“Ao mesmo tempo em que há uma aposta muita alta em Jair Bolsonaro, a gente ainda está falando de dinheiro, então há uma certa cautela”, avalia a economista Camila de Caso, da corretora Spinelli

Papéis do Banco do Brasil acumularam alta de mais de 20% na semana. As ações preferenciais da Petrobras subiram 13,6%. Eletrobras também avançou no período.

Em relatório a investidores, distribuído nesta sexta-feira (5), o empresário Luis Stuhlberger afirma que elevou as aplicações em Bolso no mês de setembro antecipando a possibilidade de Bolsonaro avançar na preferência dos eleitores em um segundo turno contra Fernando Haddad (PT). Stuhlberger é um dos mais respeitados investidores do país por sua gestão do Fundo Verde, que entrou no mercado em 1997 e acumulou alta superior a 15.000% no período.

“O mercado nos últimos dois ou três dias, por causa das pesquisa, entrou em uma vibe de que a solução vai acontecer no domingo. Acho que isso é um pouco de otimismo, acho que não vai acontecer”, diz Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama.

Bolsonaro é visto como mais inclinado a promover as reformas que o mercado financeiro considera necessárias para o reequilíbrio das contas públicas e a retomada da economia.

O dólar recuou 1%, a R$ 3,8580, em linha com o exterior. A moeda americana fechou no menor patamar desde o começo de agosto, quando a eleição começava a se desenhar. Além de um real valorizado (fruto do mesmo movimento que puxou a alta da Bolsa, ao longo da semana), o câmbio foi influenciado pelo mercado externo, avalia Camila de Caso. O dólar desvalorizou frente a quase todas as moedas emergentes, nesta sexta-feira, com exceção do peso chileno e da moeda húngara.

Futuro incerto

Em um cenário político instável e fragmentado, prever os rumos do mercado financeiro são igualmente incertos. Relatório do banco de investimento Goldman Sachs estima que as eleições brasileiras devem ser decididas só no segundo turno. E que, independente do candidato eleito, o próximo presidente deve ter desafios pela frente para aprovar reformas, como da Previdência, e para deixar os mercados de bens e serviços mais eficientes e competitivos.

Isto porque o banco prevê que o Congresso continue fragmentado ideologicamente. “No geral, o principal desafio da próxima administração é fortalecer as contas fiscais e apoiar um esforço de expandir investimentos para alavancar um novo ciclo de crescimento equilibrado e socialmente inclusivo”, informa o documento.

A tendência é o mercado financeiro reagir com otimismo a uma eventual vitória de Bolsonaro, mantendo o ritmo de alta da bolsa e valorização do real até o final do ano. A partir de janeiro, no entanto, o cenário é um pouco mais nebuloso.

O mercado não sabe o que vai ser um governo Bolsonaro, só sabe que não é o PT, explica a Camila de Caso. “O que está mais nebuloso é o cenário fiscal. Porque mesmo se conseguir privatizar tudo [que está no plano de governo], não sei se a conta fecha para reduzir a proporção entre dívida pública e PIB”, avalia a economista.

O controle da inflação e da taxa de juros também é incerto. Por motivos internos (como a alta nos custos da energia); mas também pelos externos, como uma tendência de alta no preço da gasolina.

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