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Lojas de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e vestuário estão entre as que apresentam estoques acima do normal. Fecomércio já reduziu estimativa de vendas | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Lojas de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e vestuário estão entre as que apresentam estoques acima do normal. Fecomércio já reduziu estimativa de vendas| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Queda nos juros garante retomada no 2º semestre

A queda nas taxas de juros – puxada pelos bancos públicos e que deverá ser replicada pelas instituições privadas – deve reduzir a inadimplência e reanimar as vendas do comércio no segundo semestre.

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Supermercados

Condor mantém prazos longos e consegue vendas 18% maiores

Na contramão do mercado, a rede de supermercados Condor manteve o prazo de financiamento de eletrodomésticos e eletroeletrônicos em até 20 vezes no cartão da loja e conseguiu, no trimestre, um aumento de vendas de 18% na comparação com o mesmo período do ano passado. A rede, que hoje tem 33 lojas, deve crescer 20% em 2012, segundo o presidente, Pedro Joanir Zonta. No ano passado, o faturamento chegou a R$ 2,136 bilhões.

"O ano está surpreendendo positivamente. Não mexemos nos nossos prazos. Estamos batendo recordes de vendas", afirma. No início do ano, a rede também ofereceu o parcelamento em até dez vezes de material escolar. Segundo ele, o baixo nível de desemprego, o aumento da renda e o crescimento da classe C vêm garantindo as vendas, principalmente do varejo alimentar. "As famílias continuam a sofisticar suas cestas de compras. As vendas de arroz e feijão estão estáveis, mas as de congelados estão crescendo muito", acrescenta.

O Condor pretende abrir mais duas lojas nesse ano – uma em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e outra em Campo Largo.

O comércio está mais cauteloso com o endividamento e a inadimplência alta dos últimos meses. Os prazos oferecidos e o crédito já encolheram no primeiro trimestre e a reposição de estoques nas gôndolas está mais lenta. O setor acredita que ainda é cedo para falar em tendência, mas uma recuperação mais forte só deve ser verificada na segunda metade do ano. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) apurou que 21% das empresas do comércio no país estavam com estoques acima do normal em março.

Segundo Marianne Lore­na Hanson, economista da CNC, o número de famílias endividadas vem caindo, mas a inadimplência continua alta, o que é sinal de alerta para o comércio e para os bancos. A média diária de concessões de crédito para aquisição de automóveis e outros bens duráveis caiu 16,3% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2011, segundo dados divulgados na semana passada pelo Banco Central. Em março, a média estava em R$ 450 milhões por dia – queda de 3,8% em relação a fevereiro. No mês passado, todas as modalidades pesquisadas (que incluem ainda cheque especial, cartão de crédito e crédito pessoal) tiveram queda, e na média recuaram 5,7% em relação a fevereiro – para R$ 3,64 bilhões.

Mesmo com um cenário de aumento de renda, baixa taxa de desemprego e inflação mais comportada, a confiança das famílias em consumir vem se recuperando em um ritmo mais lento, segundo a CNC. Depois de cair em março, a intenção de compra se manteve estável em abril.

O primeiro sinal de perda de fôlego do comércio no Paraná veio em fevereiro – último dado disponível –, quando as vendas caíram 3,2% em relação a janeiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a primeira queda mensal desde outubro do ano passado. Ainda assim, na comparação com o mesmo período de 2011 as vendas estão 15,9% maiores. Segundo o presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), Darci Piana, a expectativa inicial de um crescimento das vendas de 8,5% para 2012 dificilmente será cumprida. "Esperamos agora um avanço entre 5,5% e 6,5%", acrescenta. Os estoques estão acima do desejado principalmente em setores como vestuário, eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

Prazos

Mas, se no passado recente a estratégia para alavancar as vendas e desovar estoques era esticar prazos e fazer a parcela caber no bolso do consumidor, a inadimplência vem limitando essa expansão. Redes de varejo que chegaram a anunciar eletrodomésticos e eletroeletrônicos com prazos de pagamento de até 24 meses hoje trabalham com prazos de no máximo 18 meses. Anúncios de carros que oferecem prazos de até 60 meses, por outro lado, são cada vez mais raros. A média do mercado é de 48 meses.

"De um lado temos fatores positivos, como emprego e renda altos e queda nos juros, mas por outro o comércio está preocupado com os atrasos. Ninguém sabe, também, até onde os incentivos fiscais como a redução do IPI sobre bens duráveis terão efeito em aquecer o consumo", afirma Marianne, da CNC. Demanda existe, mas ninguém troca de fogão ou refrigerador todo mês, lembra.

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